Ecumenismo já

Deus se importa com pessoas mais do que com Sua glória, e é por isso que Ele a deixou lá em cima para se tornar um de nós aqui embaixo (Flp 2:7) e, consequentemente, nos unir a Ele e uns aos outros. Ele não nos criou para o adorarmos, Ele nos criou para nos amar. Ele não nos fez para que o déssemos algo, Ele nos fez para nos dar algo – a si mesmo! Um Deus que cria buscando ser glorificado não é muito diferente de alguns de nós – por isso descarto teologias que põe a criação à serviço da glória de Deus. Como Irineu já havia dito lá nos primeiros séculos do cristianismo, Deus criou porque quis beneficiar outros e não para Sua glória. Ele não nos fez por necessidade, mas por desejo. Diferente da religião organizada, a adoração cristã não é um serviço prestado a Deus, é um serviço prestado ao próximo em agradecimento ao que Deus, em Jesus, fez para nos trazer de volta. As melhores e mais bonitas religiões ainda são um lixo quando comparadas à vida de Jesus - como Ele tratou as mulheres, os oprimidos, os inimigos, se relacionou com o mundo e com o Pai.

Infelizmente, nossos sistemas teológicos (mesmo os melhores!) fizeram Deus egoísta, egocêntrico, autoapaziguador, distante, burocrático, criador de maldades e sofrimentos, o sádico infernalista, o punidor vingativo, o terrível juiz, o pai irado, o temível soberano, o rei implacável, o inflexível moralista, o salvador elitista, o amigo e amante condicional, a divindade barganhista, o cambista espiritual e o Deus menos que divino. Nós fizemos Ele ter nojinho (como em Divertidamente) de pecado e ódio de pecadores. De acordo com nossas melhores teologias, ou Ele condena pessoas por fazerem exatamente o que Ele as predestinou a fazerem (para o louvor de Sua glória, claro), ou as pune por fazerem aquilo que Ele sabia que inevitavelmente fariam.  Ah, que ironia: sistematizamos Ele para que matasse e odiasse enquanto amasse e confortasse. Em outras palavras, no princípio, Deus fez o homem à sua imagem e semelhança. Um tempo depois, nós o fizemos à nossa. Mas não muito tempo atrás, Ele tomou nossa imagem – em Jesus - para nos redesenhar à imagem original.  


Jesus é o ideal de Deus que Deus possuí. Jesus é a definição que Deus dá a Deus. Jesus também é o ideal de homem que Deus pensou. Jesus é como Deus é e como todo homem deve ser, também disse Irineu.  Onde a religião e a teologia falham, Jesus tem sucesso. Agora no natal, vou tentar esquecer a religião cristã e olhar para Jesus, e com Ele, debaixo para cima, aprender como Deus é. 

Guilherme Adriano

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