Quando Deus Chorou (intro)

[Se tudo der certo, o livro sai ano que vem, se não der, sai quando eu quiser. Vou postando partes dele que termino aqui. Por agora, a introdução]

"O homem já teve a verdadeira felicidade, da qual agora resta nele apenas o sinal e o espaço vazio, que ele tenta em vão preencher com as coisas ao seu redor, procurando em coisas ausentes a ajuda que não obtém nas coisas presentes. Essas porém, são todas incapazes, porque o abismo infinito pode ser preenchido somente por um objeto infinito e imutável , ou seja, apenas pelo próprio Deus.” – Blaise Pascal

“Jesus chorou”, o versículo mais curto da Bíblia. E bem por ser o mais curto creio ser um dos mais profundos, e é desse versículo que tiro o que escrevo. Acho irônico começar um livro a respeito da felicidade humana com essa frase. Mas, com Jesus, as coisas geralmente são irônicas e paradoxais: os fracos são os fortes, os últimos são os primeiros, os ricos são os pobres, quem perde a vida a encontra, quem volta a ser como criança é verdadeiro adulto; a Vida encarna e vem para morrer, Deus se torna homem, o Bom Pastor também é o Cordeiro (que também é o Leão!), enfim, não é novidade para o cristão conviver com paradoxos, tensões e ironias, tanto na cabeça quanto no coração. E que ironia maior haveria se não a de dizer que uma vida vivida à la Jesus é uma vida bem vivida e feliz? Jesus, o homem que ensinou as bem-aventuranças, foi traído, negado e cravado a um pedaço de madeira para agonizar, e ele ensinou o que é ser feliz! Jesus, o homem de quem nós cristãos falamos ser o único caminho à verdadeira paz e felicidade com Deus e cujo exemplo é normativo foi “desprezado, e o mais rejeitado entre os homens, homem de dores [...]; [alguém] de quem os homens escondiam o rosto”, “foi oprimido e afligido”  e perseguido.  O homem que de angústia suou sangue  é o homem cujo exemplo dizemos ser o único verdadeiramente capaz de levar à felicidade com Deus e paz interna. Parece piada, mas é só o cristianismo mais puro e simples.

Ao ensinar como é o caráter de alguém feliz, Jesus descreve uma pessoa sofredora; que é feliz porque chora, porque que é pobre de espírito, mansa, inquieta pela injustiça que observa ao seu redor, que engole sapos para dar espaço à paz, que sabe dizer não para seu coração e que é perseguida e incomodada por ter compromisso com a verdade.   Essas, conhecidas como bem-aventuranças, são algumas das verdades cristãs mais fundamentais, e certamente não fazem parte dos 12 passos, 10 leis e 40 dias sugeridos por tantos manuais de autoajuda e realização pessoal, pois como Paulo escreve, a sabedoria desse mundo é loucura para Deus.  O que muitos dizem ser receita para felicidade, Cristo chama de escravidão. A felicidade que Jesus ensinou não começa, não passa nem termina no mesmo lugar em que o mundo ensina. Infelizmente, muitas de nossas igrejas deixam de lado o exemplo e dizeres de Jesus e adotam caminhos alternativos quando se trata de satisfação pessoal e felicidade, importando para púlpitos psicologias, filosofias e modismos mais “alegres” – afinal, quem é que quer carregar cruz, chorar, negar a si mesmo e amar seu inimigo quando está tentando ser feliz? 

Para nós cristãos, falar de felicidade também é falar de sofrimento. Não estou sugerindo nenhum tipo de estoicismo, asceticismo ou conformismo nem sendo masoquista, mas sugerindo que o que o mundo prega ser incompatível e contraditório, Cristo pregou ser complementar. Bom, entraremos em mais detalhes depois, por enquanto, concordemos que Jesus chorou, e é só chorando como Ele que nos alegraremos como desejamos e seremos felizes. 

...[continua]...

Comentários

Anônimo disse…
Maravilhoso texto, primeira vez que entro nesse blog e primeiro texto que li...siga em frente e me avise quando publicar seu livro! Deus continue te dando graça!! A paz!! Tuany