Clichê Demais Para Ser Mentira

Isso não é exatamente um texto coerente, mas é o que preciso escrever como terapia. E embora saiba que tudo que disser pode e será usado contra mim em uma corte de justiça, digo o que digo sem medo de ser infeliz.

Talvez quem acompanha esse blog – aliás, quem acompanha dá um grito aí no comentário pra eu saber se isso aqui tá vivo ainda e se vale ainda escrever! – pode dizer ‘mas outro texto de vida, sentido de tudo e mimimi? Que coisa clichê!!!’ Sim, queridos, é clichê, eu sei, mas não ignorem o clichê, pois o clichê é uma grande verdade universal! É tão facilmente reconhecida e já sabida bem porque é verdade universal! Advogo pelo clichê. O clichê só deixa de ser interessante quando paramos de fazer perguntas complicadas. Para o coração do abobado e iludido que vive no oba-oba, parar, olhar para o céu e perguntar ‘mas qual é o objetivo de tudo isso aqui?’ é um clichêsoco no intelecto e um clichêchute no saco do coração (pensando bem, saco do coração talvez não tenha sido uma boa ilustração, enfim).

Esse texto é clichê, imagino. Mas, leitores, percebam que o clichê está presente desde as tragédias Gregas até as tragédias sertanejas! Corações eram quebrados, casais terminavam e famílias acabavam lá da Grécia clássica até hoje aqui no palco do Riska Faca, a diferença é que julgamos os gregos melhores na arte de poetizar seu sofrimento do que Dany & Rafa – e com razão. Mas no fundo, todo mundo está sendo clichê, todos falam da mesma coisa, de relacionamentos machucados: Primo Basílio foi um desgraçado, Romeu um cafajeste, pois se apaixonou por Julieta enquanto procurava por outra por quem morria de amores, e tivesse vivido, certamente deixaria Julieta com o mesmo ímpeto com que a conheceu pela primeira piri que aparecesse; Davi mandou matar o amigo para poder dormir com sua mulher, Salomão, que escreveu uma ode ao sexo e ao amor na nossa Bíblia, teve um harém de mulheres que, provavelmente, tratou como objetos de conquista; Dany & Rafa não sabem se ela é anjo, demônio, remédio ou veneno (sim, sei a letra).  Mesmo a Bíblia fala de um grande divórcio que aconteceu, o homem traiu Deus no Jardim, e eis o motivo de todo sofrimento e desgraça. Então, queridos, a vida é isso aí mesmo, é toda feita de e para relacionamentos.

Jesus disse que o sentido da vida é relacionamentos, primeiro com Deus e depois com o próximo, e nesses dois relacionamentos ‘toda lei e profetas se cumprem’. Adão, mesmo sem pecado e perfeito na presença de Deus, sentiu-se sozinho e Deus precisou fazer outro ser humano para que seu coração ficasse em paz. O Homem foi criado para ser um com outro, e não um sozinho, e dessa união, outros surgem. Mesmo Deus, acreditamos, é um relacionamento triuno e divino! Tudo na vida é relacionamento! Então é óbvio que um relacionamento quebrado é uma vida que, naquele momento, perde seu sentido. ‘Meu Deus, Guigo, pare de ser melodramático, não é tudo isso!’ Engana-se, é sim! É tudo isso e mais um pouco! Sei de quem diz que é por isso que Troia caiu! São essas dores clichês e subestimadas de relacionamentos quebrados que levaram um colega e um conhecido meu ao suicídio, um há pouco e outro há anos. São dessas dores clichês e subestimadas que novelas, livros e músicas de grande sucesso são feitas – e com isso não quero dizer que valem o tempo, mas apenas que traduzem dores com as quais todos podem se identificar. Já vi casamentos terminando da pior maneira possível bem debaixo do meu nariz, e só não houve morte literal por Deus mesmo. Faço parte da vida de pessoas que tiveram seus relacionamentos sistematicamente bombardeados de todos os lados, levando casais à loucura. Não menosprezem irmãozinhos que sofrem de dores clichês.

Para terminar, ao contrário do que O Guia Do Mochileiro das Galáxias sugere, a grande resposta para a vida, o universo e tudo mais não é 42, mas é relacionamentos bons. A vida tem sentido e gozo a partir dos relacionamentos que temos e como os estimamos – primeiro com Deus e depois com nossos próximo. Mas como somos cabeçudos e ferramos quase tudo que Deus nos dá, o Filho de Deus nos ensinou uma maneira bem chata de trazer vida à nossa morte: sacrifício. Esse redime e cura. Dói muito, não é nada prazeroso, mas funciona.

Se o sentido de nossas vidas for ser feliz, seremos infelizes. Se o sentido de nossas vidas for amar e fazer o bem, seremos felizes. Lembre que Jesus disse “quem perder sua vida, achá-la-á, quem achá-la, perdê-la-á”, como entendo isso: quem viver para ser feliz será infeliz, e quem sacrificar sua felicidade em amor será feliz. É quando sacrificamos o que mais queremos que realmente encontramos o que mais procurávamos, penso.

Amo todos vocês n’Ele que tudo perdoa e que a todos quer consigo (sorry, calvinistas), amém.  

Guilherme Adriano

Comentários

Anônimo disse…
Muito bom..continuo seguindo seu blog
Anônimo disse…
é cliche comentar aqui, mas mesmo assim comentarei
Vanessa de Paula disse…
Continuo acompanhando.
Valeu por compartilhar isso!