Miserável


Para o inocente, o poder do pecado está na curiosidade, para o culpado, está na saudade. Enquanto criança tinha curiosidade em saber como era ser devasso, depois de adulto senti saudades de ser um. É a saudade que tenho do pecado que me torna miserável, mas é no preferir sofrer essa saudade a saciá-la que encontro o prazer da virtude e, a cada escolha certa, torno-me mais íntegro. 

Pelo que tenho experimentado, a nova criatura que há em mim e que se renova dia a dia à imagem de Cristo é aquela que, agora, devido ao novo nascimento, encontra maior prazer em saciar-se no bom desenvolvimento do relacionamento Deus-homem do que em qualquer outra forma de prazer; aliás, todos outros prazeres derivam desse. Antes o que operava em mim era a saudade do pecado – o que me fazia um miserável, agora o que opera em mim é uma saudade de ser o que um dia era: ingênuo e inocente (mas não perfeito! Entendem a crucial diferença para a teologia?) “A não ser que sejam como crianças, não entrarão no Reino” (Jesus), e como é ser assim? Suponho que assim: “meninos para a malícia e homens para o entendimento” (Paulo)

Guilherme Adriano

Comentários

Cicero disse…
É... o pecado é um inimigo que não desgruda mesmo. É a guerra das duas naturezas dentro de nós, para os que já se entregaram a Cristo.

"Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós." 1Jo 1:8.

Creio que um dos maiores mistérios do Cristianismo é como entender a força do pecado em nós, mesmo estando em Cristo.
Ainda bem que o céu é um lugar de pecadores arrependidos e não de pessoas perfeitas.