Agente somos inútil

(O post sobre possessão demoníaca não foi esquecido, ainda estou trabalhando nele)

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Para o jovem moderno, ser diferente é simplesmente ser como aqueles que não querem ser como os outros são. Sua vontade de ser diferente não provém de um ideal mas de uma vontade de ser do-contra. Não usam camisetas com mensagens satânicas por crerem no satanismo, mas apenas por querer chocar. Não escutam música alta no carro porque gostam, mas porque assim chama atenção. Não se embriagam para escapar das pressões da vida, mas para serem lembrados no dia seguinte como o “louco” da festa. Não se dizem ateus por não crerem que Deus exista, nem sequer pararam para ler um ou dois livros sobre o assunto, não, dizem que são ateus porque isso é mais “legal” do que ser cristão. Discursam contra o “sistema” não por acharem-no opressivo, mas porque assim soam como intelectuais, quando que na verdade, nem sequer sabem qual é o problema daquilo que chamam de sistema.

Escrevem contra a religião em seus Blogs, MSNs, Tumblrs, Twitters, postam fotos provocantes em seus Fotologs e Facebooks, e acham que com isso estão promovendo revolução e quebrando o status quo. Mal sabem eles que, por fazer isso, se tornam o status quo. Querendo ser diferentes eles se tornam como todos os outros que querem ser diferentes, e nisso, não há nada de diferente.

O jovem moderno escuta músicas sobre revolução, assiste a filmes sobre revolução, propaga ideias de revolução, estuda sobre a revolução, mas é incapaz de ser um revolucionário, pois para que haja revolução deve haver comprometimento e sacrifício, atitudes das quais eles fogem. Eles marcham sob uma bandeira cujo lema é Conforto e seu ideal é Prazer.

Como G.K. Chesterton disse, “por terem se rebelado contra tudo perderam o direito de se rebelar contra qualquer coisa.”

Há um mês atrás, mais ou menos, ao caminhar do trabalho para a faculdade presenciei um protesto contra o aumento da tarifa de ônibus aqui em Blumenau, uma passeata de manifestantes jovens que marcharam até a prefeitura acompanhados de um caminhão de onde o líder gritava ao megafone, “Prefeito, seu mercenário, a tarifa já tá alta pra caralho”. Jovens gritando palavrões, pulando, se jogando no meio da pista para interromper o tráfego, vestidos com nariz de palhaço e roupas coloridas, mexendo com pedestres, desafiando guardas de trânsito, irritando motoristas, assim era seu protesto. Protesto? Não. Baderna. Era pura baderna. Aqueles jovens não sabiam o que era um protesto. De curioso que sou, acompanhei a passeata até seu destino, a prefeitura. Lá, o megafone é dado a um manifestante que toma a palavra e não diz nada. Gagueja, dá uns gritos de “seu ladrão”, conjuga uns verbos errados e não diz nada. O megafone passa para outro, que faz a mesma coisa. Ninguém soube o que dizer. Foi como uma piada que uma vez li numa revista americana, uma tirinha com dois cachorros suados, de língua para fora, dizem um ao outro enquanto o carro que perseguiam desaparece no horizonte: mas o que a gente faria quando pegássemos ele? Vejo essa gente da mesma maneira, correndo, agitando e gritando, preparando-se para chegar na prefeitura e dizer tudo aquilo que haviam preparado. Mas quando chegam lá, “o que a gente faz agora que chegamos aqui?”.

Eles não sabiam o que era revolução, mas gostaram da ideia de protestar. Eles não sabem o que é se sacrificar por um ideal, mas posam de elite pensante por achar que possuem um ideal. Pseudorevolucionários e pseudointelectuais.

Na internet soltam o verbo, na vida real gaguejam. Online, são filósofos, no mundo, são meninos mimados.

Ser diferente não é escutar Greenday, usar camisa do Che Guevara, fumar, encher a cara, citar Nietzsche e Karl Marx e odiar o capitalismo e o cristianismo.

Revolto-me com a incapacidade de revolução dos jovens, e ao fazer isso, temo, pois posso ser um deles.

Guilherme Adriano  



Comentários

Éder Corrêa disse…
Tem um site que se chama assim "Marcha da Liberdade". Muitas pessoas vão a rua protestar, buscando paz, liberdade entre outras coisas. Colocando um fato, como o homem quer paz se ele não se libertou das amarras da violência, digo vendo muito confrontos entre jovens e polícias, será que eles pensam que é pela violência em si que a paz vai reinar na terra, e o mundo desfrutara de uma paz e liberdade que é tão sonhado. Realmente acredito que o problema está em nós mesmos, como podemos reivindicar contra a violência, se ela esta dentro de nós. podemos conversar sobre isso ainda, mas aqui finalizo com um versículo. "Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; pois está escrito: Ele apanha os sábios na sua própria astúcia."(1Co 3:19)
Flávio disse…
"O jovem moderno escuta músicas sobre revolução, assiste a filmes sobre revolução, propaga ideias de revolução, estuda sobre a revolução, mas é incapaz de ser um revolucionário, pois para que haja revolução deve haver comprometimento e sacrifício, atitudes das quais eles fogem. Eles marcham sob uma bandeira cujo lema é Conforto e seu ideal é Prazer."

Huxley já previa isso. A nova arma de dominação será (já esta sendo) a superexposição à informação engendrada de tal forma que não absorveremos nada. É tanto lixo de uma só vez que as pessoas (fracas) já não têm mais condições de filtrar. Muito engenhoso, escravizar pela libertinagem travestida de liberdade.

"Eles não sabiam o que era revolução, mas gostaram da ideia de protestar. Eles não sabem o que é se sacrificar por um ideal, mas posam de elite pensante por achar que possuem um ideal. Pseudorevolucionários e pseudointelectuais."

Concordo! Lembrou-me de uma anedota contada na antiguidade a respeito de dois espartanos:

“(...) dois espartanos que, por ocasião das Guerras Médicas, se apresentam voluntariamente aos persas para serem sacrificados como expiação pelo assassínio dos embaixadores de Xerxes. Indagados sobre por que Esparta insistia em resistir ao Grande Rei, rejeitando as vantagens da rendição e da submissão, os dois gregos respondem, altaneiros, ao persa que os conduzia ao sacrifício: ‘Tu não podes compreender. Conheces apenas a vida de servidão. Jamais experimentaste a liberdade, para saber se ela é doce ou não. Do contrário, tu nos aconselharias a combater por ela não somente com a lança mas também com o machado’.”
(Coleção Os Pensadores Epicuro, Lucrécio... p.07)

Gostei muito do seu texto! Comungo destas idéias.
Deveras, comungamos dessas ideias.

Paulo também profetizou algo sobre essa situação.

"Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens [...] que aprendem sempre, e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade" - Paulo de Tarso.