Droga de torta!

A que assemelharia o pecado e a tentação? É como aconteceu comigo hoje de manhã em uma padaria de Blumenau: Acordei às 10:00 sem fome alguma e saí para cumprir com minhas obrigações certo de que não comeria até o almoço. Ao passar em frente de uma padaria, o cheiro que vinha de dentro me seduziu e me abriu o apetite, então completamente tomado pela fome entrei. Assim que entrei comecei a correr meus olhos pelo balcão à procura de algo que fosse de meu agrado, e enquanto fazia isso, já me imaginava sentado à mesa saboreando um salgado. De repente: “Achei!” Meus olhos se fixaram numa torta de chocolate e morango. Era incrível! Bonita, grande, com chocolate derretido escorrendo por cima dos morangos e uma casca de bolacha ao redor. Nessa hora minha imaginação havia tomado conta e o instinto (fome) tinha subjugado a razão. Só conseguia pensar numa coisa: comer um pedaço daquela torta. Então levantando o rosto perguntei:

- Quanto custa uma fatia?

- 5 reais!, a moça respondeu.


Rapidamente abri minha carteira e contei quanto dinheiro tinha. Mal podia acreditar! “5 reais exatos!”, exclamei comigo mesmo através de uma expressão de incredulidade e um “hmpf”. Subitamente me vem um pensamento à mente dizendo: “Não vale a pena, é caro e faz mal! Chocolate assim em jejum não pode fazer bem.” Mas como naquela hora minha cabeça estava no estômago, dei prioridade à satisfação do paladar; levei em consideração mais o prazer momentâneo do que a saúde e bem estar do corpo.

Comprei a fatia! Sentei-me e esperei a moça trazê-la, e enquanto esperava meu estômago roncava. A moça então colocou o prato na minha frente e a comanda ao lado, pensei: “Ouch, custou caro, mas vale a pena!”

Garfei a torta e comi o primeiro pedaço! Ao final da primeira mordida já estava arrependido. A torta não era boa. Era doce, mas não saborosa. Havia morangos, mas estavam murchos. Havia chocolate, mas não era de qualidade. Não valeu a pena. A sua aparência tinha me pregado uma peça. A torta era bonita e cheirosa, mas só aparentava ser boa.

Agora estava eu lá sentado com uma fatia gigante de uma torta de chocolate ruim que me custara a passagem de ônibus de volta. Perdi dinheiro e me senti mal por ter quebrado a minha – até então – boa alimentação. Sendo a fatia grande demais, não aguentava mais comê-la, mas se eu a deixasse no prato seria desperdício, se a comesse toda seria gula. Qualquer uma das minhas opções seria um pecado resultante de outro. Acabei deixando-a no prato. Levantei, paguei a conta e fui embora.

Eu entrei na padaria empolgado e pronto para me deliciar, mas saí dela arrependido e com o estômago (e a consciência) pesado. Essa não era a primeira vez que caia no truque da vitrine de padaria, mas depois dessa vez jurei a mim mesmo que nunca mais cairia nele (assim como sempre faço logo depois de ter caído).

O pecado é assim. Parece que vale a pena, mas não vale. Sabemos que custa caro e faz mal, mas não levamos isso em consideração na hora da tentação. Sabemos que se deixarmos o apetite (seja lá qual for) falar mais alto e nos guiar pelas sensações, não seremos capazes de dizer “não”, e ao primeiro momento de lucidez após termos desfrutado do tão desejado pecado, perceberemos que fomos enganados.

Chocólatras não deveriam entrar com fome em padarias, assim também pecadores não deveriam deliberadamente se expor à tentação.

Eu deveria ter passado reto pela padaria mesmo com todos aqueles cheiros me convidando a entrar, assim teria economizado dinheiro e não teria me decepcionado nem passado mal. Assim também como cristãos, deveríamos avistar de longe o pecado e desviar. Como diz em provérbios, que o sábio vê o mal e desvia, já o tonto continua andando e cai.

A tentação é como aquele cheiro gostoso de padaria, promete mas não cumpri.

Já o pecado é como aquela fatia de torta, custa muito e não vale nada.

Guilherme Adriano

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