Perguntas ou comentários?



Lembro-me de uma breve troca de ideias que tive com um colega a respeito da liberdade do homem de rejeitar o Messias. Também lembro que o objetivo dele, naquela instância, era demonstrar como Deus era um tirano e como a liberdade que Ele nos deu não era na verdade liberdade. O argumento cheio de ironia foi, “Que grande liberdade temos: Ou adoramos a Deus ou queimamos no inferno”. Antes de responder a objeção, quero demonstrar algo que está por detrás dessa afirmação irônica.

Você pode pensar, “Puxa vida, é verdade. Da forma que ele colocou realmente parece que Deus é mal! E agora? Como respondo a isso? Como fica a minha fé?”. Essas são perguntas que pelo menos eu me fiz, e que tenho certeza de que muitos se fazem quando se deparam com uma frase do tipo. O primeiro ponto a ser observado é que a força do argumento não está no argumento, mas está na ironia dele. O argumento em si é muito fraco, se não inexistente. A única razão pela qual esse argumento mexe com a cabeça das pessoas é porque aquele que o faz, usa a ironia e o sarcasmo para fazê-lo. Ironia e sarcasmo impactam, mas ser irônico e usar a astúcia não é refutar um argumento.

Aquela risadinha (“humf”) que as pessoas dão depois que escutam uma frase irônica ou sarcástica significa apenas que elas gostaram do que ouviram, e não que a afirmação é verdadeira.

Muita vezes quando estou tentando responder uma pergunta séria de uma forma consistente e persuasiva, o que recebo em troca? Ironia, escárnio e desprezo. Mas se a sua pergunta já foi pré-conceituada, para que perguntar? Se você já tem uma resposta para a pergunta que está prestes a fazer, e não está disposto a mudar de ideia não importa a resposta, então fique calado! Está escrito “até um tolo pode se passar por sábio se ficar de boca calada”.

A pregação cristã confronta a razão, o ego e as emoções do ouvinte, mas quase sempre é contra argumentada de forma emotiva. Geralmente a reação de quem não gostou do que ouviu é ridicularizar de forma agressiva, o que não é nada racional. Deixe-me dar um exemplo. Às vezes as pessoas me perguntam, “você realmente acredita que os bichinhos entraram na arca de dois em dois?”, “....você diz que precisamos ter um relacionamento com Deus. E como se faz isso? Orando?”, “Você crê na historinha da cobra?” Conseguem perceber o problema com essas perguntas? Ora, elas não são perguntas! São apenas comentários irônicos e sarcásticos disfarçados de perguntas. O objetivo desses questionamentos não é obter uma resposta, e sim fazer graça.

Quem não é sagaz fica desarmado diante de alguém que tem a mente afiada na ironia. Preste bem atenção: desarmado sim, sem razão não. Não ter uma resposta não é a mesma coisa que não ter razão. Eu não sei muita coisa a respeito da Bíblia, e nem nunca vou saber, mas isso não quer dizer que a Bíblia é falsa. Não é possível explicar de uma forma satisfatória que Deus sempre existiu, mas isso não significa que Ele não existe. Eu não sei como será o céu, nem o inferno, muito menos dizer como é a aparência de um demônio, mas isso não quer dizer que essas coisas na existem. Esse tipo de lógica é ilógico. Não podemos descartar o todo por falta de uma parte. Pascal disse “Deus é o todo, nós somos uma parte”. Não podemos dizer que o todo não existe porque a parte não pode ser perfeitamente explicada.

Mas não seria um absurdo eu negar o fato, porque eu não entendo a maneira? Ou seja, rejeitar o que Deus tem revelado, porque eu não compreendo o que Ele tem revelado?" Agora, onde está a sabedoria de rejeitar o que é revelado, porque nós não compreendemos o que não é revelado? -(John Wesley)

Se você não crê, tudo bem! Mas não zombe daquele que crê por ele não ter as respostas que você quer, pois creio que, e digo por experiência própria, mesmo se suas perguntas fossem respondidas, ainda assim você não creria. Ser irônico e sarcástico com aquele que não é astuto é covardia. Usar a ironia ou o escárnio para ganhar um debate é coisa de covarde.

Tenho testemunhado que a falta de argumento e o medo da verdade dão a luz ao zombador. No fundo, que zomba do cristão está com medo de que ele esteja certo. Mas o arrogante, quando encurralado, tenta escapar ridicularizando.

Agora que deixei claro que esse tipo de pergunta não faz bem nem para quem pergunta nem para quem responde, deixe-me tratar dela com honestidade.

“Que grande liberdade temos: Ou adoramos a Deus ou queimamos no inferno. Isso não é liberdade” Lembre-se que o objetivo dessa pergunta era provar que Deus era um tirano e nós não éramos livres. Primeiro ponto que quero abordar é a questão da liberdade. Preste bem atenção na pergunta, “...ou adoramos...ou queimamos”, isso por acaso não é uma escolha? Não estou sendo confrontado com duas opções? (1ª ) Adorar a Deus e (2ª) não adorar a Deus. Se posso escolher então sou livre. O homem é livre para escolher Deus ou não-Deus. Agora sobre a questão de Deus ser tirano. A essa pergunta normalmente respondo com outra pergunta, “por acaso Sr. Fulano, Deus está te perseguindo e te forçando a rejeitá-lo? Não? Então quer dizer que você O rejeita porque quer! É isso?” Quem rejeita Deus rejeita porque escolheu assim. Ninguém é forçado a odiá-lo. Se Deus me obrigasse a amá-lo, então sim Ele seria um tirano. Mas ao invés, Ele deu liberdade a todos os homem, “a chuva cai sobre o justo e o sobre o injusto”, e a liberdade e a graça são para todos desfrutarem.

“Mas e a ameaça de Deus de nos queimar para sempre se não O adorarmos?” Essa é a uma pressuposição ateística a respeito de Deus. Pois veja, na Bíblia Deus não está ameaçando, Ele está nos alertando das consequências da nossas ações. Não é ameaça é alerta. Ele está dizendo, “Eu estou no lado direito do universo, e vocês estão desesperadamente correndo para o lado esquerdo. Parem com isso! Parem, deem meia volta (se arrependam) e comecem a correr para o lado direito. No lado esquerdo há apenas desgraça. O lado esquerdo é na verdade a prisão do inimigo de vocês. Parem de correr para lá, de outra forma vocês queimarão com ele”.

A Bíblia deixa claro que Deus não manda pessoa para o inferno, mas elas mesmas com seus próprios pés vão para lá por livre e espontânea vontade. Deus ainda se compadeceu de nós, se esvaziou da sua glória, se fez carne, e morreu a nossa morte para que, quem quiser voltar para Deus, possa sem ter que pagar nada. É graça. O inferno é uma consequência e não uma ameaça. Para quem odeia Deus, sim, soa como uma ameaça. Para quem O conhece, entendeu que era um alerta. Não quero entrar no assunto novamente, mas já escrevi aqui a respeito de como o inferno é necessário para Deus ser bom. Basicamente, o argumento é este: Pessoas que amaram a vida não podem habitar eternamente com pessoas que amaram a morte. Seria injusto Hitler e um judeu religioso serem obrigados a morar juntos para sempre e serem amigos. Ser forçado a morar no céu e adorar a Deus para sempre seria um inferno. E de maneira alguma a severidade das consequências de nossas escolhas torna Deus um tirano. Também o fato de você não gostar das opções que Deus nos deu, não tira a sua liberdade de escolha. Esta lógica é ilógica.

Há duas portas, uma grande e diz “perdição” e a outra estreia e diz “salvação”. Por qual você entrou?

Há dois fundamentos, um é areia e o outro é rocha. Sobre qual você construiu a sua casa?

Há dois reinos, o da luz e o da escuridão. Em qual você quer servir?

Há dois tipos de árvores, uma dá bons frutos porque a terra onde foi plantada é boa, e a outra dá maus frutos porque a terra onde foi plantada é ruim. Em que tipo de terra você quer ser plantado?

Há dois pais adotando filhos, um é Deus e o outro é satanás, de quem você é filho?

Não use mais de escárnio e ironia para tentar desarmar os cristãos; um dia você pode pegar alguém um pouco mais preparado que desmascare o seu cinismo e fará você passar vergonha. Se fizer uma pergunta, aceita a resposta humildemente. Ninguém aprende nada sendo arrogante: o descrente não ganha resposta e o cristão se incomoda.

Guilherme Adriano

Comentários

Anônimo disse…
Porém, se vos parece mal servir ao SENHOR, escolhei, hoje, a
quem sirvais: se aos deuses a quem serviram vossos pais que estavam
dalém do Eufrates ou aos deuses dos amorreus em cuja terra
habitais. Eu e a minha casa serviremos ao SENHOR. Josué 24:15