Evidências de conversão.



[Este será uma continuação do texto anterior “O que é ser Cristão”]

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Depois de saber o que é e o que não é ser cristão precisamos ter certeza se nós somos cristãos. Pelo fato de estarmos em meio a uma sociedade cristianizada, precisamos saber se a nossa fé é convicta e centrada no Evangelho, ou se somos apenas fruto do meio em que vivemos. Precisamos saber se cremos em Jesus porque conhecemo-lo, ou porque assim nos foi ensinado a crer.

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Portanto esse post é para confrontar as suas certezas e fazer com que você reveja seus conceitos com respeito à filiação divina.

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De acordo com Jesus, muitos daqueles que se dizem cristãos ficarão de fora do Reino. Segundo Ele, “nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no Reino de Deus”. Também Ele disse: “Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade.”. Naquele dia muitos dos que se denominam cristãos ouvirão: “Eu nunca vos conheci; para longe de mim!”

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A partir desse texto concluo o seguinte: nem todo aquele que se diz cristão é cristão; nem todo aquele que se considera salvo está salvo; nem todo aquele que se diz filho de Deus é filho de Deus. Mas então que certezas eu posso ter de que eu não serei um dos rejeitados? Que garantias tenho? Como posso saber se sou filho de Deus ou não? Sigamos então o conselho do Apóstolo Paulo e “examinemo-nos a nós mesmos para saber se estamos na fé!”

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[Aos que se confessam cristãos]: Se você se diz cristão e não segue/imita/vive como Cristo, viola o mandamento de “tomar o nome de Deus em vão”, pois invoca sobre sua vida um nome santo e o profana com o seu estilo de vida. Dizer-se filho de Deus e viver de forma dissoluta é dizer que Deus é dissoluto. Denominar-se cristão e viver como este mundo vive, é dizer que Cristo é conforme esse mundo. “Tomar o nome de Deus em vão” vai muito além do que a simples exclamação “Meu Deus!”.

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Invocar o nome de Deus sobre um estilo de vida torto e egocêntrico é a pior forma de blasfêmia. Porém preste atenção! Não estou dizendo que para invocar o nome de Deus você precisa ter uma vida exemplar; uma vida perfeita. Não! Muito pelo contrário! Quanto mais torta é a sua vida mais você deveria invocá-lo! Se só quem tivesse uma vida reta pudesse invocar o nome de Deus então ninguém se qualificaria. A diferença está no “que tipo de vida você vai continuar levando depois de ter invocado o nome dEle”!

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Deus aceitará você como você é, mas Ele espera que você mude! Podemos invocar o nome de Deus em qualquer momento, mas a partir do momento em que invocamos o Seu nome, Ele espera que nós mudemos de vida!

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Então digo aos que se dizem cristãos: Não tomem o nome de Deus em vão! Não invoquem sobre si um nome; uma identidade; uma fé que não corresponde ao seu estilo de vida e às suas paixões mais íntimas. “É por causa disso que o nome de Deus é blasfemado entre as nações” (Romanos). E digo aos que ainda não são filhos de Deus: Deus te aceitará como você é! Se drogado, prostituta, mentiroso, mesquinho, vaidoso, inútil, pervertido, não importa! Venha! Cristo o aceita! Não espere ser perfeito para vir a Ele, pois se assim fosse, você nunca poderia vir. Jesus disse “Eu vim para os doentes e não para os sãos”, mas saiba, depois de vir a Ele e ser completa e inquestionavelmente perdoado, Ele espera que você mude de vida!

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Mas vamos continuar com o tema proposto: como saber se somos ou não cristãos? Uma das primeiras coisas que, se você for cristão você notará, será a sua nova natureza. A partir do seu encontro com Cristo a sua vida foi radicalmente transformada de dentro para fora. Se você for um cristão genuíno, então a partir da sua conversão você deve ter começado a perceber traços de uma nova natureza florescendo em você. Por nova natureza quero dizer novos desejos, novos objetivos, novas aspirações, novas perspectivas, novas motivações e novos interesses!

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O novo nascimento é pré-requisito para estar com Deus. Jesus disse que “aquele que não nascer de novo não poderá ver o Reino de Deus”. Sem o novo nascimento; sem a nova natureza ninguém pode habitar com Ele. E por que não? Ora, se Deus deixar um coração e uma mente suja entrar no céu, o céu logo virará um latão de lixo! Se o céu for habitado por seres humanos corruptos, logo o céu se transformaria num inferno, e Deus teria que se retirar dele e re-refazer novos céus e nova terra.

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O céu será o lugar “onde todos nós nos conheceremos como somos conhecidos”; onde habitaremos face a face com o Deus vivo. Lá não haverá mais hipocrisia, ninguém poderá fingir amor; ninguém conseguirá fingir ser uma pessoa que odeia o que Deus odeia e ama o que Deus ama. O céu é para pessoas que odiaram esse mundo mau, e quiseram um mundo novo governado por Ele; é para gente que entendeu que estava podre, e quis uma nova natureza; uma nova humanidade.

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O “Novo céu” e a “Nova terra” são para um “novo tipo de ser humano”: redimidos. Quem gosta desse mundo tem que ficar aqui mesmo; quem está feliz com essa humanidade, que fique com essa humanidade! O “Novo céu” é para “gente nova”.

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Não quero entrar na questão poética ou na descrição paisagística do paraíso, quero ficar na questão prática: O céu será o lugar onde eu poderei ser aquilo que eu tanto tentei ser aqui nesse mundo e não consegui: perfeito e livre do pecado! O céu é o lugar onde a utopia humana é realidade perpétua. O céu será o lugar onde eu finalmente poderei desfrutar de todos os prazeres e capacidades humanas. E mais importante, o céu é o lugar onde eu estarei face a face com o Criador, Salvador e Consolador: Deus.

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Se nessa vida escolhermos viver sem Deus, então na próxima vida, esse será o nosso destino, e vice-versa. O que estou tentando dizer com isso, é que para viver eternamente, face a face com Deus, precisamos ser pessoas diferentes, e ser não é fingir! Ninguém consegue fingir por muito tempo ser algo que não é. Mas se não conseguimos enganar nem sequer as pessoas, como então conseguiríamos enganar a Deus? Se você não consegue nem mesmo se fingir para os seus amigos, como então pretendes enganar a Deus se dizendo filho dEle?

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Ora, se na presença de Deus toda carne definha, toda máscara cai, todos os propósitos são revelados e todos os pensamentos são expostos, como então viver fingindo ser algo que não é? Pois veja que é impossível fingir ser cristão. Você pode se comportar na igreja, se controlar no trabalho, andar na linha na frente dos pais e dar um bom exemplo na escola, mas é na hora que você se diverte e fica à vontade que o seu verdadeiro “eu” aparece. Há um ditado: “É mais fácil conhecer alguém em cinco minutos de brincadeiras do que em duas horas de conversa séria”.

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O céu é um lugar de alegria eterna, de conforto eterno; é onde todos ficarão à vontade e poderão ser quem realmente são sem hipocrisias nem falsidades. Como que em um lugar assim você vai conseguir fingir ser algo que não é? E ainda mais, por toda a eternidade? Não dá! É impossível! Se você não nascer de novo e obtiver uma nova natureza, você não agüentará o céu. Viver fingindo seria o inferno para você. Por isso Jesus disse: “Quem não nascer de novo não poderá ver o Reino de Deus”.

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Agora, ao contrário do que muitos pensam, essa nova natureza da qual Cristo falou, não é uma natureza perfeita (pelo menos não ainda); que não peca mais. De forma alguma! Antes é uma natureza que entendeu que está podre e precisa de ajuda! Muitos crêem que após a conversão o cristão não peca mais; que a nova natureza dada por Cristo é incorruptível. Ah se fosse assim! Bem, mas não é. Essa nova natureza não é perfeita, mas se aperfeiçoa constantemente. O sujeito nascido de novo ainda peca, mas tem nojo do pecado e luta contra ele!

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A nova natureza cristã não é uma natureza que não peca, mas que tem nojo; asco do pecado.

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Leia a descrição dessa nova natureza que está no profeta Ezequiel: “Então vos lembrareis dos vossos maus caminhos, e dos vossos feitos, que não foram bons; e tereis nojo em vós mesmos das vossas iniqüidades e das vossas abominações.” “E ali vos lembrareis de vossos caminhos, e de todos os vossos atos com que vos contaminastes, e tereis nojo de vós mesmos, por causa de todas as vossas maldades que tendes cometido”. “Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne. Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos”.

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Como saber se você é nascido de novo? Compare a sua vida com os versículos acima e responda estas perguntas: Você tem nojo daquilo que você era antes de se encontrar com Cristo? Você tem nojo dos caminhos pelos quais você andava antes? Você tem nojo e vergonha dos seus pecados e do tipo de pessoa que você era antes de ser encontrado por Jesus? Que mudança afinal houve em você desde a sua conversão? Não me refiro a uma mudança de comportamento ou de hábitos, mas uma mudança interna, na alma, nos desejos; no seu “eu”. Você tem ânsia ao lembrar o que você costumava ser?

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Se você é filho de Deus nascido de novo, então você era água e agora é vinho; antes era escuridão e agora é luz; antes era morto e agora é vivo; cego e agora vê. Antes você era pecador convicto, agora você é pecador arrependido! Se você é filho de Deus então você se tornou uma pessoa diferente, e a sua natureza verdadeiramente é outra, e a sua vida está num processo contínuo de santificação, transformação e aprimoramento. Se você é filho de Deus, você está “em obras”!

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Cristo faz a diferença em uma vida! Ninguém que se encontra com Ele permanece igual. Ou o indivíduo piora, pois rejeita a Sua soberania e desobedece a seus mandamentos, ou melhora, pois se relaciona com Ele e obedece. Mas ninguém fica igual depois de se encontrar com Ele. Ninguém! Perceba que até a nossa história não ficou a mesma. Os anos antes de Cristo (A.C) eram uma coisa e depois de Cristo (D.C) ficaram outra.

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Até o tempo e a história foram cortados ao meio por causa de Cristo, como então a sua vida continuaria a mesma? [A não ser que você nunca tenha se relacionado com Ele]. É impossível encontrar-se com Deus e permanecer igual. Já disse um pregador americano “É impossível ter um encontro com um caminhão a 40km/h e permanecer o mesmo. Mas o que é maior? Deus ou um caminhão? Então como você pode dizer que teve um encontro com Deus e ainda ser igual?”. Se não houve mudança em você depois de ter tido um encontro com Deus, então você não se encontrou com Deus. Você pode ter se emocionado, chorado, sentido remorso, várias coisas, mas se hoje você continua o mesmo, então você não se encontrou com o Deus da glória.

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A evidência do novo nascimento é uma nova natureza, e essa nova natureza tem nojo e odeia a velha natureza. Se você é filho de Deus, então você mudou e continua mudando.

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Olhe para as paixões do seu coração. Tenha certeza disso, que você adora aquele que você mais imita; aquele que mais consome o seu tempo e os seus esforços! Você está se esforçando para ser parecido com quem? Você dedica todas as suas capacidades para conseguir o que? Por onde andam os seus pensamentos? Ao que você dedica o seu amor e o seu tempo livre? Quem são seus ídolos? O que você faz com o seu corpo? Responda essas perguntas e saiba para aonde está indo a sua adoração.

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Tanto Jesus Cristo quando seus discípulos falaram sobre essa nova natureza e os seus frutos; que um cristão seria reconhecido pelo tipo de fruto que a vida dele produz. Se a sua vida não produz, naturalmente, “amor, paz, domínio próprio, mansidão, paciência, fidelidade, bondade, santidade” e “amor pelas coisas do Senhor”, reveja seus conceitos. Mas preste atenção, essas coisas devem pular do seu coração não somente quando tudo vai bem, mas também quando tudo vai mal. Na alegria na tristeza, na saúde e na doença o que deve predominantemente fluir do coração de uma pessoa nascida de novo são essas coisas. [Se essa não é a sua realidade, esforce-se e ore para obter tal fruto e tais virtudes, pois Deus os dá aquele que pedir]

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O primeiro passo para ter certeza da sua salvação resumidamente é este: Procure evidências de uma nova natureza e de frutos do Espírito (segundo o Evangelho); olhe para as suas paixões mais íntimas e as suas motivações. Se o que você faz, ou deixa de fazer, não for movido por uma gratidão e amor por aquilo que Cristo fez em seu favor, então você, biblicamente, não é filho de Deus. Você é cristão se você está a cada dia mais parecido com Cristo.

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Guilherme Adriano

Comentários

concordo no sentido prático da tua mensagem. Faria apenas uma distinção.
Quando você fala de natureza, nova natureza, natureza renovada, etc, eu diria que nossa natureza é por si mesma pecadora. Somos pecadores no mais profundo do nosso ser, e isto significa que estamos afastados de Deus, logo nossas ações praticas revelarão injustiça, etc, etc...
Uma vez em Cristo somos revestidos de uma nova natureza, na linguagem de 2Co5 diria que a natureza nova vem de fora, ela não nos pertence, é de Cristo, é o Espírito Santo, que passa a habitar a vida daquele que realmente crê. Por isto só aquele que tem o ES é cristão verdadeiramente. Então temos duas naturezas: aquele corrompida pelo pecado, caída, humana, e a natureza outorgada de fora, imputada a nós por Cristo, que é a natureza do Espírito Santo. Desta forma toda e qualquer melhoria ética é devido ao agir do ES em nós, e não uma melhoria metafísica da nossa natureza em si morta e caída. Na eternidade, nossa natureza caída, e juntamente nosso corpo serão transformados. Seremos corpo espiritual (novo corpo da ressurreição) onde a natureza velha já não habitará mais.