Razão e Emoção


Deus nos deu uma mente para pensar e um coração para sentir, nós, porém fazemos o contrário, pensamos com o coração e sentimos com a mente. Pensamos com o coração quando tomamos decisões sérias baseados naquilo que estamos sentindo. Sentimos com a mente quando, apesar do sentimento de culpa e o remorso, nos convencemos de que tomamos a atitude certa. Não convém que seja assim, aliás, não deve e não pode ser assim.

As decisões sérias da vida não podem ser baseadas naquilo que estamos sentindo. Assim como as emoções vêm de uma forma repentina e arrebatadora, assim também elas morrem. Emoções são efêmeras; passageiras, duram pouquíssimo tempo; assim como nascem, morrem, já as conseqüências das atitudes tomadas em um rompante de emoção, essas duram para sempre.

Desde a queda do homem, as emoções têm sido um dos nossos piores inimigos, sempre nos enganando, nos incentivando a tomar decisões precipitadas e nos encorajando a fazer o que sabemos que não convém. As emoções servem para trazer cores, música e beleza à nossa vida; servem para muita coisa bonita, mas não servem de alicerce para decisões! Não escolha baseado no que você está sentindo! Deixe os sentimentos acabarem, depois repense a questão, e só então tome uma decisão.

Quando o Rei Davi pensou com o coração, mandou matar o amigo para ter sua esposa que havia avistado se banhando. Salomão teve sua ruína quando cedeu às emoções e tomou para si mulheres e mulheres. Sara, esposa de Abraão, incentivou seu marido a cometer adultério com a empregada porque estava impaciente para ter o filho que Deus prometera. Mesmo depois da ordem clara de Deus, “não olhe para trás!”, a mulher de , por saudades, virou e teve sua punição. O rei Saul perdeu o reinado por achar que desobedecer a ordem de Deus era a coisa certa. Moisés não entrou na terra prometida por não conter sua ira. Por ciúmes, Caím matou Abel. Sansão morreu por ter se entregado aos sentimentos e não ter ouvido a voz da razão. Por medo, Pedro negou Cristo. Tenho certeza de que você mesmo já fez burradas incrivelmente estúpidas por ter acreditado nas emoções e não na razão, mas eu também, e várias vezes!

Um grande poeta brasileiro uma vez disse: porque homem é homem, menino é menino e macaco é macaco. Veja, “homem é homem!”, sempre foi o mesmo! Desde o Jardim até hoje somos os mesmos, apenas cortamos o cabelo e nos vestimos diferente. Sempre fomos meninos inconstantes, levados de vento em vento para todos os lados. Somos cheios de humores. Acordamos felizes, tomamos café da manhã tristes, vamos trabalhar querendo morrer, trabalhamos entediados, voltamos para casa relaxados e dormimos com angústia do próximo dia. Não estou falando que é errado sentir isso! De maneira alguma! O que estou dizendo é que não podemos tomar decisão nenhuma baseada nesses momentos de emoção. Se eu escutasse o meu coração mais do que a minha razão, creio que já teria tido alguns filhos, seria odiado por muitos e estaria desempregado e vagando pelo Brasil sem rumo.

Está escrito que o coração do homem é enganador e corrupto, quem pode conhecê-lo?, também que quem confia no próprio coração é insensato, e os caminhos que aos homens parecem seguros, no final, levam à destruição.

Não deixe a sua vida ser regida por aquilo que você sente. Diria até mais, também não reja sua vida por aquilo que você sabe, antes, decida tudo baseado naquilo que Deus disse!

Vou repetir aquilo que sempre falo quando estou falando do Evangelho para alguém, não deixe essa conversa se tornar apenas uma lembrança de uma boa conversa. Agora você está achando esse papo de conversão muito bonito e muito fácil, mas provavelmente daqui a um mês você estará achando isso tudo muito feio e muito complicado. Não deixa as emoções pregarem essa peça em ti! Pensa no que foi dito! Pensa no que Cristo disse! Pensa com a mente e não com o coração! Tome uma atitude fundamentada no testemunho que Deus nos deu, e não no tanto de lágrimas que você derramou!

Temos casamentos arruinados e relacionamentos destruídos; amizades desfeitas; famílias iradas; traumas; problemas emocionais e financeiros; e toda sorte de males porque pensamos e decidimos com qualquer outra coisa, menos a cabeça! A maioria esmagadora dos nossos problemas são conseqüências de nossas más escolhas. De nada adianta culpar Deus pelas nossas más escolhas. Minha mãe me ensinou assim, quando decidimos fazer besteira não pedimos a opinião d'Ele, mas então também depois da besteira feita, não adianta dizer ‘mas Deus por quê?’. Ué, aquilo que se planta colhe, disse Paulo. Nós plantamos irresponsabilidade e precipitação, e depois queremos colher felicidade e satisfação? Não é assim! Lembremos que não se colhe figos de um espinheiro, mas figos de figueiras; cada árvore produz o seu respectivo fruto. Portanto se plantarmos irresponsabilidade e inconsequência, certamente colheremos destruição e amargura.

Grave este conselho: não pense com o coração! Não escolha o seu cônjuge baseado na paixão que você sente. Pense um pouco antes! Veja se há compatibilidade; sente para conversar; tente enxergar um futuro; firmem um compromisso de amor, companheirismo, fidelidade e de cuidado mútuo antes de firmar um compromisso sexual e emocional. Minha mãe me dizia: não ponha a carroça na frente dos bois. Infelizmente a verdade é esta, nós somos mais criteriosos ao escolher um carro, um sapato ou um restaurante, do que somos para escolher um parceiro sexual. Esta é uma realidade triste da qual todos somos vítimas (e ao mesmo tempo culpados), mas isso só é verdade porque estamos pensando com as emoções, e é claro, elas (quase) sempre nos enganarão. Da próxima vez, pensemos mais à luz de Cristo; à luz do Evangelho; à luz da Bíblia. Antes de tomar qualquer decisão que terá conseqüências indeléveis, pense um pouco mais. Para tudo devemos nos entregar ao Espírito Santo em oração e pedir para que Ele nos guie em nossos pensamentos.

Pense mais antes de escolher um emprego. Pense mais antes de se entregar a paixões. Pense mais antes de dizer aquilo que está pensando. Crie limites para suas emoções. Não há nada mais perigoso do que deixar as emoções soltas; sem limites, é como abrir todas as jaulas de um zoológico durante o seu horário de funcionamento. Peça para Deus instalar um filtro em sua mente e em sua boca. Pendure cortinas em seus olhos. Aprenda a fechar os seus ouvidos. Devemos aprender a não mais pensar em certas coisas; não dizer certas coisas; não olhar para certas coisas e não dar ouvidos a outras! Estes limites são bons, são saudáveis, eles nutrem e protegem a nossa alma e o nosso emocional. Não há nada de “careta” em ter limites; não há fanatismo em ser criterioso com aquilo que mexe o seu coração; não há nada de “castrante” em subjugar os instintos animalescos. Há apenas virtudes e benefícios em tais hábitos. Existe um motivo para essa contenção, e o seu objetivo final não é a abstinência dos prazeres (quem prega isso é outra religião), o objetivo final dessa contenção e desses limites,é o amadurecimento e a nutrição dos sentimentos, para que uma vez crescidos, possam ser usufruídos sem nenhum medo ou trauma. Limites são sempre para proteção, nunca para fazer mal. Limites visam o bem do objeto protegido, e não o contrário. Nós protegemos aquilo que é precioso para nós, não protegemos? Então! Por que deve-se proteger tudo, menos os sentimentos?

Eu não me contenho na área sexual porque sexo é pecaminoso e sujo, eu me contenho porque sexo é sagrado e maravilhoso! Quanto mais valioso o pertence mais cuidado deve ser tomado, não é assim? Entenda leitor, não estou estigmatizando o sexo, estou devolvendo a ele sacralidade e propósito. Não quero entrar nessa questão sobre o sexo, mas quero deixar algumas pinceladas para um futuro post sobre o assunto. O conselho que gostaria que ficasse claro com respeito a essa questão é este: Pense mais antes de entregar o seu corpo (ou até mesmo seus beijos) a alguém, o ato pode ser rápido e, momentaneamente, prazeroso, mas as consequências são eternas e doloridas.

A consequência da falta de limite sexual e de relacionamentos descompromissados não é HIV ou DST, é a morte dos sentimentos. A psicologia revela que é muito pior pagar esse preço emocionalmente do que fisicamente.

Concluo com isto: todos nós já cometemos tolices nessa área, mas alegre-se, Deus está disposto a perdoar cada ato, cada palavra, cada intenção e cada pensamento, se você apenas se arrepender. Deixe que o passado Ele apaga, mas o futuro é nossa responsabilidade. Então enquanto Ele concerta as nossas burradas, tratemos de escolher melhor daqui em diante; tratemos de escolher não mais baseados naquilo que achamos estar certo, mas naquilo que Ele disse que é certo.

Aquele que segue o caminho que lhe parece mais certo, acaba encontrando a sua destruição”. Não pense mais com o seu coração, use a cabeça.

Guilherme Adriano

Comentários

Anônimo disse…
Obrigado por te mencionado meus ensinamentos, sou feliz porque voce nao somente ouviu, mas sim assimilou e os colocou em pratica.
A cada dia o vejo mais maduro , o que o Senhor tem preparado para ti nao e pouco!!! Te amo muito obrigado por me ouvir e guardar esses ensinamentos la naquele bau que muitos insistem em nao abrir!!!
Unknown disse…
ein? quem é esse anonimo?
Jenny disse…
Belíssimo texto.
A Caminhada disse…
Caro Guilherme,

Mais outro belo post. Adorei. Concordo contigo na maioria do que disse. Embora eu seja uma pessoa que não tem muitas "papas na lingua" procuro pensar muito antes de agir.

Pra extender um pouco mais a reflexão, eu compartilho contigo e com os nosso amigos leitores uma dúvida minha:

Quando Jesus voltar, o que irá prevalecer para que possamos reconhecê-lo? A razão ou a emoção?

Eu acredito que irão aparecer (e já existem muitos) falsos profetas que irão com sua inteligência assombrosa mostrar a razão pela qual eles são o nosso salvador. Claro que também serão muito carismáticos.

Outra questão que me faço:

Fico um pouco preocupado também com muitos que deixam de se aprofundar nos ensinamentos de Jesus porque sentem dificuldade em entendê-lo.

Essa pessoas se preocupam tanto em estudar ou ler a bíblia que deixam de vivê-la.

Será que essa racionalização da palavra também não é tão prejudicial quanto o uso da emoção como guia unica e puramente?

Que Deus nos Ilumine.
Tavinho e Cris.
Anônimo disse…
discordo de vc.
não há como separar as duas entidades psíquicas, racional e emocional. A divisão que vc faz é uma divisão antiga da filosofia, que vem lá de descartes, com o penso, logo existo.
Immanuel Kant nos advertiu sobre a impossibilidade do encontro entre razão e felicidade, quando afirmou que "quanto mais uma razão cultivada se consagra ao gozo da vida e da felicidade, tanto mais o homem se afasta do verdadeiro contentamento". Afirmou também que se Deus tivesse feito o homem para ser feliz não o teria dotado de razão. Esse filósofo considerava, ainda, as paixões como "enfermidades da alma". Tais reflexões denotam, também, como Kant estabelecia uma hierarquia entre a razão e as emoções.Vc nutre da mesma opinião.
O neurologista Antônio R. Damásio, em sua obra O erro de Descartes (1996), postula a existência de uma forte interação entre a razão e as emoções. Preocupado em articular as emoções com os processos cognitivos o autor afirma que "emoções bem direcionadas e bem situadas parecem constituir um sistema de apoio sem o qual o edifício da razão não pode operar a contento". A famosa frase filosófica - Penso, logo existo- deve ser substituída pela anti cartesiana - Existo e sinto, logo penso.
Uma pesquisa (Arantes, V., 2000) constatou que as pessoas pensam e analisam uma determinada situação de acordo com seus estados emocionais. Os resultados obtidos nessa investigação mostraram que um mesmo conflito pode receber tratamentos diferentes e antagônicos, dependendo do estado emocional prévio do sujeito que o enfrenta. Tal constatação encontra grande impacto em decisões importantes envolvendo juízes, juris, investigações, dentre outros, em que os valores pessoais, as emoções e os sentimentos, se associam com o processo racional nas tomadas de decisões e os influenciam, não sendo possível separá-los.
No dia a dia, estas constatações nos chamam a atenção para a maneira como enfrentamos as dificuldades e os problemas cotidianos. Quando estamos felizes, preparamos nossas "cabeças" para analisarmos e compreendermos as necessidades e problemas dos demais, elaborando estratégias de ação mais solidárias e generosas. Quando estamos tristes, nosso juízo é afetado e tendemos a enxergar mais dificuldades e defeitos nas coisas ao nosso redor.
Conclui-se que os estados emocionais influenciam nossos pensamentos e ações tanto quanto nossas capacidades cognitivas. Ao sermos solicitados a resolver problemas, a forma como organizamos nosso raciocínio parece depender tanto dos aspectos cognitivos quanto dos aspectos afetivos presentes durante o funcionamento psíquico, sem que um seja mais importante que o outro. Assim, devemos buscar desenvolver não apenas os aspectos racionais, do intelecto, mas buscar desenvolver também a inteligência emocional, a capacidade de lidar melhor com os sentimentos, as aflições, as angústias, os traumas, as limitações da personalidade. Para isso existem os psicólogos, os cursos de crescimento pessoal, os grupos de apoio, os livros e tantos outros recursos que podem contribuir para o amadurecimento emocional-afetivo.

paulo frederico clementino
É verdade. Descartes disse isso, Kant disse aquilo...muitos dizem muitas coisas. Eu digo muitas coisas! Você disse mais um monte, mas no final, o que importa mesmo é o que Cristo disse...e segundo Ele, é possível dominar seus instintos.

O resumo do texto é esse: Não tome atitude nenhuma baseada em um rompante emotivo. Isso é prático e possível.

Agradeço o comentário, mas creio que fugiu um pouco do tema...

Obrigado...