Geração falhada

Recado ao leitor: [Espero que entendam que eu não estou descrevendo como “os outros” são. Não! Estou escrevendo como “nós” somos. “Eu” estou aí dentro deste “nós”, aliás, o que me motivou a escrever foi o fato de “eu” chegar a conclusão do “meu” estado. Mas também sei que muitos de “vocês” são assim (como eu descreverei). Portanto não pensem que estou julgando ou criticando, estou tentando tratar desse assunto da forma mais sincera possível. No post descrevo memórias bem específicas, não estou de forma nenhuma tentando generalizar. Minha intenção não é ridicularizar, mas é diagnosticar possíveis problemas. Leiam com compaixão, e não agressividade.]
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“Nos anos 50, os jovens perderam sua inocência. Eles foram libertados de seus pais por bons empregos, carros e músicas que deram início a um novo termo, “The generation gap”. Nos anos 60, os jovens perderam a autoridade. Era a década dos protestos. Igreja, estado e pais foram questionados e foram achados ausentes. Suas autoridades foram rejeitadas, mas nada se estabeleceu para substituí-las. Nos anos 70, os jovens perderam seu amor. Foi a década do niilismo, dominado por palavras com hífen que começavam com “auto”: auto-imagem, auto-estima, auto-declaração, o que acabou criando um mundo solitário. Ainda nos anos 70, os jovens aprenderam tudo o que havia de ser aprendido sobre o sexo e esqueceram tudo que havia de ser aprendido e lembrado sobre o amor, e poucos tiveram a coragem de dizê-los que havia, de fato, uma diferença. Nos anos 80, os jovens perderam sua esperança. Despidos de sua inocência, autoridade e amor, e impregnados pelo horror do pesadelo nuclear, um grande e crescente número desta geração parou de acreditar no futuro.” “Na década de 90, os jovens perderam a capacidade de raciocinar.” – (descrição de autoria desconhecida, escrita no final da década de 80, e complementada por um pensador americano no final da década de 90. Ela foi citada durante um discurso feito aos membros das Nações Unidas. Tradução: Guilherme Adriano)
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Comecei este post com a citação acima, pois ela vai de encontro com o assunto do qual pretendo tratar: Os problemas da nossa geração, e que Jesus tem a nos oferecer.
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Como podemos ver, somos o resultado de décadas de desconstrução moral, familiar e intelectual. Não diria exatamente o que somos, mas o que aprendemos a ser hoje é o resultado dessa desconstrução sistemática. A descrição acima fala exatamente o que nós perdemos: A autoridade, o amor, a esperança e o raciocínio.
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A perda do Amor.
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Essa nossa geração teve a mente estuprada pela pornografia ainda quando criança. Com a entrada da internet em nossos lares, e a sua popularização ao longo da década de 90, veio a pornografia de fácil acesso (da qual quase todos aqueles, hoje, acima de 18 anos foram vítimas) Com isso, aos poucos começamos a nos perverter antes da idade de discernimento. Ainda antes dos 12 anos de idade sabíamos “tudo sobre o sexo e nada sobre o amor”. Lembro-me que quando estava na 3ª série já ouvia meus amigos conversarem sobre perversões sexuais. Lembro-me também que o meu primeiro contato com revistas e vídeos pornográficos foi nessa época. Logo depois com os “chats” de conversação começou a troca de imagens, e daí para frente, a coisa tomou proporções bestiais!
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Enquanto crescíamos, víamos a popularização do sexo banal, sua comercialização e divulgação. Outdoors começaram a ficar mais ousados. Propagandas de roupas começaram a ficar mais provocantes: Cada vez víamos mais pernas e menos calça; mais barriga e menos camisa; mais bundas e menos rostos; menos abraços e mais beijos; menos beijos e mais carícias.
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Gradativamente, o sexo substituiu o produto anunciado e se tornou o objetivo final da propaganda, enquanto que o produto em si, tornava-se apenas um meio de alcançar tal sexo: O desodorante passou a ser o mediador entre você e uma noitada com várias garotas; os carros deixaram de ser meios de transporte e se tornaram motéis ambulantes; deixaram de ser usados para a locomoção e começaram a ser utilizados para “dar caronas a mulheres lindas”; a cerveja foi de cima da mesa para o refrigerador, e do refrigerador para o meio de um par de seios; as latinhas de refrigerante saíram das mãos e pararam nos abdomens das adolescentes; creme dental e pastilhas viraram pretexto para beijos e amassos; perfumes deixaram de ser uma fragrância para se tornarem “aromas sedutores”; xampus não serviam mais para lavar cabelos, mas sim para “deixar todos os homens aos seus pés”; roupas íntimas se tornaram públicas. As roupas perderam a função de cobrir o corpo e passaram a expô-lo. Em tudo vimos um processo de coisificação do ser, e erotização da coisa.
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Aprendemos a dar mais valor aos órgãos genitais da pessoa do que à pessoa.
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Nas revistas mais populares vimos o mesmo acontecer. Passe em uma loja que venda revistas velhas e analise uma revista que tenha mais de 20 anos, você raramente encontrará uma propaganda que faça apologia a sexo, depois, compare-a com uma revista atual e tire suas conclusões. A revista “Caras” virou a revista “Bundas”; a revista “Super Interessante” virou a “Super excitante”; a revista “Veja” virou a “dê uma olhadinha”, e assim aconteceu com todas as outras. As revistas para o público feminino pararam de tratar de assuntos de mulheres e começaram a tratar de assuntos de prostitutas; começaram a ensinar as mulheres “truques”, “posições” e “maneiras” para “deixar seus namorados alucinados”. As revistas “teen” foram de assuntos “pop-teen” para “sexy-teen”; as estrelas “teens” começaram a aparecer em revistas sem camisa e em posições sensuais. Britney Spears, Cristiana Aguilera, Backstreet Boys, N’Sync, entre outros cantores e cantoras foram aos poucos tirando a roupa; foram de “teen-star” para “porn-star”. E nós crescemos lendo e escutando essas coisas.
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Crescemos assistindo atores de novela transando toda noite. Vimos a saia das dançarinas do Faustão e do Gugu diminuírem a cada programa. Vimos os jovens da Malhação cada vez mais “descolados” e “liberais”. Vimos a erotização dos desenhos animados. Vimos a explosão dos vídeo-clipes sensuais na MTV. Escutamos nas rádios as mulheres cantando menos e gemendo mais.
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Lembro-me bem dos meus professores ao longo da minha vida escolar, a cada ano eles se tornavam menos adultos e mais jovens; menos rígidos e mais “descolados”. No primário, falar palavrão e ser malicioso com as meninas era motivo de ser mandando para fora da sala, no ginásio, era motivo de briga e no segundo grau era sinal de popularidade. Os professores, no primário eram os comandantes da sala, no ginásio, os repressores, e no segundo grau, os palhaços. Aqueles que deveriam ser um bom exemplo acabaram nos incentivando a ser um mau exemplo (lembro dos meus professores perguntando “com quantas tínhamos ficado no sábado passado”, e contando quem eles tinham “pegado”). A escola aos poucos foi virando um antro. (Muitas vezes acabamos dando mais ouvidos aos nossos professores do que aos nossos pais)
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Nós somos a geração que vimos essas coisas acontecendo, mas como, na época, ainda éramos crianças demais e facilmente persuadidos, não protestamos, não resistimos, fomos aos poucos nos assimilando e nos conformando a essa cultura do sexo, sem nos darmos conta do efeito que isso traria para nós mais tarde.
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Acabamos aprendendo que o sexo é apenas mais uma forma de se dizer “oi, como vai? Quer tc”? A nossa inocência foi roubada antes mesmo de deixarmos a infância. Pelo fato de termos aprendido assim desde pequenos, realmente acreditamos que o sexo é isso aí e que deve ser usado dessa forma mesmo, afinal, “se todo mundo faz assim deve ser porque é assim mesmo”.
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Cada vez menos amor e romance e cada vez mais sexo e paixão. “Aprendemos tudo o que havia para ser aprendido sobre o sexo e esquecemos tudo aquilo que havia para ser aprendido e lembrado sobre o amor”.
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A perda da Autoridade
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Basicamente, quando atingimos os 12 anos de idade, nós nos julgávamos mais sábios que nossos pais, pois eles [coitados!] eram “tão quadrados e de mente pequena”; ninguém nos entendia! Nos julgávamos maduros o suficiente para freqüentar baladas (porém novos demais para trabalhar fora). Nós éramos “grandes” o suficiente para beijar na boca e namorar (mas não tínhamos condição de sobreviver um dia sequer longe da casa da mamãe).
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As nossas músicas falavam de revolução. Os nossos filmes falavam de rebeldia. Os nossos heróis eram os bandidos. Mas no fundo, a nossa rebeldia era sem causa (há exceções, entendo). Poucos que conheço hoje cumpriram o mandamento de “honrar pai e mãe” (há exceções, entendo). EU não o cumpri. Tivemos de tudo e não era o bastante, éramos o centro das atenções, porém queríamos mais. Assim, nunca satisfeitos, abandonamos esse mundo e nos mudamos para dentro do mundo virtual, onde descobrimos que podíamos criar um mundo como quiséssemos, onde nós éramos o centro.
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Então trocamos as amizades verdadeiras por janelas de ICQ, mIRC, MSN e Orkut. Trocamos os abraços por hugs, beijos por ;* e sorrisos por :) As risadas foram substituídas por “hahaha”, e a nossa alma nesse processo morria aos poucos. A habilidade de socializar e de se comunicar com pessoas de verdade foi acabando; as conversas com os pais foram diminuindo, e, na hora do problema, ao invés de correr para os pais, corríamos para o “amigo virtual”. Ao invés de termos gastado tempo conversando com os pais, jogamos papo fora com o “fulanodetal@hotmail.com”. Ao invés de termos almoçado e jantando com os nossos pais, almoçamos e jantamos com a TV e o Computador. Assim, com o relacionamento com os pais destruído, perdemos a habilidade mais básica de nos relacionarmos com outros seres humanos: o relacionamento em família.
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A autoridade e o respeito pelos pais (e por conseqüência por todos os outros) se perderam na Net. Então nos tornamos jovens insubordinados, ingratos, desrespeitosos, desequilibrados, alienados, egocêntricos e egoístas.
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A perda da Esperança
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Com a falta de estabilidade emocional, proveniente do “mimo” excessivo e da super-proteção que muitos de nós tivemos, mais a crescente apostasia da igreja moderna e a ridicularização do sagrado, acrescentadas à falta de referência familiar, acabamos nos perdendo na confusão de nossas emoções.
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Sem bons exemplos, sem família estável, sem propósitos, afastados de Deus; odiando tudo e ao mesmo tempo nada, querendo tudo e ao mesmo tempo, não querendo nada; precisando de alguém, mas querendo ficar sozinho, acabamos perdendo a esperança.
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A perda do Raciocínio
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Nós somos a geração que escuta com os olhos e pensa com os sentimentos. Há poucos dias atrás escutei uma música que representa exatamente o que estou dizendo, ela diz: “The only thing I understand is what I feel” – “a única coisa que eu entendo é o que eu sinto”. [Talvez por isso Jesus tenha dito tantas vezes “aquele que tem ouvidos, que ouça”].
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Negar a existência de Deus não era o bastante, precisávamos ir mais longe e ficar contra aquilo que já era do contra: Precisávamos negar a nossa própria existência.
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Aos poucos fomos emburrecendo, desaprendendo a ler e substituindo os estudos por passatempos.
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Os meios de comunicação tiveram de se adaptar à nossa burrice. A única forma de sermos alcançados por propagandas foi substituindo a informação escrita pela informação visual. Tornamos-nos mentalmente preguiçosos; incapazes de ler a Bíblia ou qualquer outro livro e entendê-los.
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Acabamos trocando a Palavra de Deus por blogs (como esse).
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Dependemos da internet para tudo: Relacionamentos, diversão, pesquisas de faculdade, comunicação, etc. Deixamos professores, pastores, padres, filósofos e “pensadores” pensarem por nós. Não sabemos mais criticar sem ofender. Nossa lógica dedutiva é quase que nula. Somos obrigados a nos refugiar nas nossas próprias críticas para termos certeza de alguma coisa; somos incertos até daquilo que temos certeza!
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Não damos mais valor àquilo que realmente tem valor, não nos preocupamos com aquilo que é preocupante e não nos importamos com aquilo que importa. Por “termos nos tornado nulos” no raciocínio, não acreditamos mais no verbo “acreditar”: A existência é sem sentido, o universo é sem design, a vida é sem propósito, a linguagem é incerta, tudo é relativo -(até essa frase).
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Há uma estatística que diz o seguinte: “75% das pessoas não pensam. 20% pensam que pensam, e 5% realmente pensam”.
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Encontramos-nos em um buraco; numa bola de neve. Somos conseqüência de vários fatores do qual não tínhamos controle. E o que Jesus Cristo tem a nos oferecer? Será que a Sua mensagem ainda é atual; ainda serve para pessoas modernas como nós? Ora, é claro! Gente como a gente era o Seu alvo! Ele disse: “Os sãos não precisam de médico, Eu vim para os doentes. Os justos não precisam de mim, Eu vim para os pecadores”. Ele veio para gente! Na verdade, Ele é o único que tem algo para essa geração.
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Através do Seu exemplo e das Suas palavras Ele nos ensina o que é o amor. Com o Seu “Evangelho eterno” e a Sua “multiforme sabedoria”, Ele nos ensina a pensar. Através da Sua redenção e do Seu perdão, Ele nos devolve a esperança, e trazendo-nos ao Pai em arrependimento, Ele nos dá a oportunidade de depositarmos a nossa confiança na autoridade, soberania e cuidado dEle. A mensagem da cruz recupera as nossas 4 maiores perdas. Jesus é aquele de quem precisamos. Não queremos, mas precisamos!
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“Isso-ismo”, “Aquilo-ismo”, por quantos “ismos” ainda teremos que passar até entender que o que nós precisamos é de perdão. O que nós precisamos é nos reconciliar com o único e Verdadeiro Deus. O nosso real problema é na alma, e quem sabe concertar almas senão Deus? O que realmente precisamos é de perdão, e quem está disposto a nos perdoar senão Jesus Cristo? “Em nenhum outro você encontra perdão. Em todos os outros você paga! Paga por cada atitude por cada pensamento por cada palavra; paga através da reencarnação, através do karma, através das castas, pelas obras, pelo martírio ou pelo esforço menta. Só em Cristo é que você é perdoado e dado um novo começo.” – (Ravi Zacharias)
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Jesus Cristo era, é e sempre será a resposta para nossas almas!
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Por favor, considere o texto.
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Com muito amor e compaixão.
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Guilherme Adriano

Comentários

KRÜGER disse…
Olá brow... fiquei conhecendo teu blog e, em pouco tempo, já li todos os post, pois me identifico muito com teu pensamento. Me alegra saber que ainda existem cristãos que não foram "moldados" por este século. Que Jah continue te abençoando com sabedoria e discernimento.
Parabéns pela proposta do blog. Já estou seguindo!

Aproveito para lhe convidar a conhecer o meu blog, e se desejar também segui-lo, será uma honra.

Seus comentários também serão muito bem-vindos.

www.hermesfernandes.blogspot.com

Te espero lá!
Talita disse…
Esse texto consegue mostrar um pouco do que nós somos..
Deus tem me aberto os olhos, e eu, realmente nao quero viver essa imoralidade e irracionalidade...e nem que essa geração viva assim.
Texto muito bom.Você acabou de me descrever há 2 anos atrás
Anônimo disse…
pois é, muitas vezes volto a ser esse irracional tao sitado do texto...

luca