Para mim, mais
importante do que um nome é uma identidade. Guilhermes existem muitos, mas
Guilherme, o Guigo (ou Gui para íntimos) dentuço que desenha tão bem – piada interna
– e toca na Tienda, namorado da Jay-Jay,
primo favorito do Thomas e da Carolina e amigo do Luca, esse só tem um: eu. Ou
seja, com quem eu me relaciono e o que eu faço se tornam parte daquilo que
define de que Guilherme estamos falando. Nome é nome, é algo de bom ou mau
gosto que nos dão sem nosso consentimento e dá até para trocar. Identidade não,
essa não se escolhe nem se dá, mas se constrói com escolhas. Identidade é
aquilo que distingue um Guilherme do outro e é forjada com tempo através de
tudo aquilo que nos acontece e que fazemos acontecer.
(Abro parênteses
aqui para dizer que não vou entrar na discussão chata de ‘identidade é fruto do
meio que nos determina’. Não sou determinista e tenho pena de quem é. O
determinismo é uma posição filosoficamente falida, teologicamente diabólica e cientificamente
fraca de se defender. Apesar de não gostar muito de Sartre, concordo plenamente
quando diz que somos não exatamente o que nos fizeram, mas aquilo que fazemos
com aquilo que nos fizeram. Portanto, o que me faz ser o Guilherme que sou não
são as circunstâncias em que nasci, mas o que fiz com as circunstâncias em que nasci.)
Voltando ao
assunto, é pela Sua identidade que o nome de Jesus tem poder, e não pelo nome
em si. Conheci dois Jesuses, um peruano e um mexicano, quando morei nos EUA, e
o nome deles não tinha poder algum. O que diferencia os Jesuses colegas meus do
Jesus Senhor é a Sua identidade. Eles eram Jesus, os amigos de ensino médio do
Guilherme que usavam calças bem baixas e boxers à mostra – era massa na época! –,
enquanto Ele é Jesus, o Messias, o Filho unigênito de Deus, o Filho do Homem, o
EU SOU, o Primeiro e o Último, o Verbo encarnado. O nome de Jesus só tem poder
porque pertence a Ele. Jesus não é majestoso porque tem esse nome, mas esse
nome é majestoso porque pertence a Ele! Se o nome do Filho de Deus fosse Ribamar,
seria no nome de Ribamar que oraria e confrontaria as trevas, mas não é.
Aliás, em Atos
19:13, há o relato daqueles que andavam por aí imitando Paulo e usando o nome
de Jesus, sem conhecê-lo, como palavra mágica para expulsar demônios – assim
como muitos cristãos fazem hoje! E o que aconteceu com eles? Está escrito que,
ao ouvir o nome de Jesus, os demônios responderam, “Eu conheço a Jesus e sei
quem é Paulo, mas quem são vocês? E o homem que tinha esse demônio se lançou
sobre eles e, dominando a todos, bateu neles até que fugiram daquela casa, nus
e feridos.” Aqueles judeus acreditavam que o nome Jesus – Yeshua em Hebraico – era grande por si só, e sob seu poder
poderiam ficar famosos – assim como muitos cristãos acreditam hoje! Mas o que
não sabiam é que o nome da pessoa a quem se referiam vinha acompanhado de uma
identidade que demandava deles arrependimento, fé, obediência e amor a Deus. Arrepender-se,
crer, obedecer e amar a Deus eles não queriam, mas o poder do nome do Filho d’Ele
para exorcismos sim – assim como muitos cristãos desejam hoje!
Pelo que tenho
vivido, a eficácia, benefícios e poder do nome de Jesus sobre a vida da pessoa
não se dão à sua mera pronúncia, como creem os místicos e religiosos, mas só através
do relacionamento que se tem com aquele a quem tão grande nome foi dado. Em outras
palavras, não se pode ter os privilégios de um Kennedy sem ter o sobrenome Kennedy.
E nós, Kenn...ah, quer dizer, cristãos, temos os privilégios de Cristo. Porque
nos arrependemos e cremos fomos feitos parte da família celestial (Gálatas
3:26), e ao entrar nessa família linda, ganhamos uma identidade nova, a de
Cristão, e com ela, certos privilégios e responsabilidades – privilégios e
responsabilidades que nem todos querem ter.
Minha identidade
de cristão diz mais ou menos assim, “sei quem fui, sei quem sou e sei quem
esperas que seja porque sei quem és. Senhor, ajuda-me a chegar lá!” E o mais
incrível, para mim, é que nessa loucura toda, Deus faz questão de levar o meu
nome à Sua Identidade! Heresia? Claro que não! No antigo testamento, Deus se
diz ser o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, um era traidor, outro caprichoso e outro
enganador. Deus diz ser o Deus de Davi, homem muito violento e péssimo amigo – é
o que diga Betsabá! Basta conhecer a genealogia de Jesus no Evangelho de Mateus
para perceber de que tipo de pessoas Jesus, o Filho de Deus, descende. Jesus descende
de pessoas fracas, pecadoras e com um passado trágico, como qualquer um de nós.
Deus não só é o Deus de Abraão, Isaque, Jacó e Davi, mas também é o Deus de
Guilherme, Thomas, Luca e Jamille. Para povos antigos, ouvir que o Deus
verdadeiro era o Deus de Abraão, Isaque, Jacó e Davi é como hoje, meu amigo
ateu ouvir que o Deus verdadeiro é o Deus do Guilherme, Thomas, Luca e Jamille.
Porque só um Deus de verdade, presente e que ama é que consegue transformar o que
eu era no que venho me tornando.
Então vejo o
seguinte: O Pai se faz conhecer ao mundo através de gente fraca e pronuncia Seu
nome Santo anexado a gente imunda. O Filho vem ao mundo descendendo de gente
fraca e coitada para ser Senhor dos rejeitados. O Espírito Santo trabalha no
coração de pecadores para transformá-los em santos à imagem de Cristo. Poxa
vida, essa família divina realmente nos quer por perto.
Deus amou o
mundo de tal maneira que mandou Seu Unigênito Filho para transformar gente como
a gente em Filhos como o d’Ele. (Paráfrase de João 3:16)
Guilherme Adriano
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