Hoje fiquei sabendo de ‘Carlos’.
Não o conheci, na verdade, nem sei quem é. Mas fiquei sabendo dele pela
tatuagem que vi no braço de uma mulher no ônibus. Ela tinha tatuado seu nome em
letras grandes, bem grandes. Podia ser filho, marido, namorado, enfim, não sei.
O que sei a respeito de Carlos é que é (ou foi) importante o suficiente para tê-lo
tatuado daquele tamanho em seu braço. Sem muito que fazer no ônibus, me pus a imaginar
se Carlos, apesar de sempre lembrado, ainda estava lá, se ainda estava na vida
da moça. Como quase toda cobradora de ônibus que vi, essa parecia oprimida pela
sua situação, emprego e parecia triste – na verdade, acho transporte público triste,
há um clima de desespero neles e de tristeza no rosto de seus passageiros.
Parecendo estar nos seus 40, a cobradora exibia sua tatuagem apagada em seu
braço esquerdo arranhado. Fiquei pensando se Carlos não era só isso mesmo, um
nome desbotado em meio a seus machucados. Se marido, será que ainda está com
ela? Se namorado, será que a ama? Se filho, será que a honra? Se parente, será
que ainda vive? Não sei, e não tive a cara de pau de perguntar, ‘moça, com
licença, mas quem é Carlos?’ Mas, como disse, independente de quem foi (ou é), Carlos
foi (ou é) alguém muito importante para ser lembrado assim por ela.
E de certa maneira, é
assim que imagino que Deus vê nossos relacionamentos: nomes tatuados em nossos
corpos, que contam histórias boas ou tristes. Cada pessoa que tem impacto em nossa vida é como se fosse um nome tatuado em nossa pele: não sai. Desbota,
é esquecido ou até mesmo se aprende a ignorar, mas está sempre lá,
influenciando e fazendo parte daquela pessoa.
Quantos nomes será que Deus vê
tatuados em mim? Quantos ‘Guilherme Adriano’ tatuei em outros e em que
condições estão? O que lhes lembra sua menção? Enfim, espero que Deus me ajude
a ser um bom tatuador e me ensine a ser sábio para tatuar bons nomes em mim,
porque sem sombra de dúvidas, cada um deles irá comigo até o fim, em bom ou mal
estado.
N’Ele a quem elegi como
tatuador oficial da minha vida desde meus 18, amém.
Guilherme Adriano
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