É um
tanto quanto esquisito se encontrar perfeitamente descrito em um livro de
ficção, ainda mais quando esse livro é escrito da perspectiva de um demônio ensinando
seu sobrinho a perverter a índole de um homem recém-convertido.
Basicamente,
o conselho do demônio Screwtape ao
seu demônio aprendiz, Wormwood, era o
de fazer com que sua vítima, o recém-convertido, pensasse apenas na vida
interna, espiritual (autoexame, teologia, doutrina, etc.), assim esquecendo e negligenciando
as coisas mais simples da vida (disciplina corporal, palavras e ações), pois,
uma vez viciado nesse erro, o homem não poderia mais detectar defeitos em si
que são tão claros aos outros e assim se autodestruiria. Estava exatamente
assim...droga. Contudo, sabia que não deveria.
Mas hoje
lembrei que havia esquecido isso (Thanks, Lewis!)
Agora sei que as lições que pensei serem as primeiras e mais elementares da fé
são, na verdade, as últimas e mais importantes. As séries que pensei ser o
primário do Evangelho são, na verdade, o pós-doutorado dele!
O mais
básico é sempre o mais difícil e o mais importante a ser feito, creiam-me.
Não
posso mais esquecer que o fruto só vem depois da semente ser plantada. Antes,
porém, a semente só poderá ser plantada se a terra for arada. Mesmo antes
ainda, devo lembrar que a terra só será arada se alguém decidir sujar as mãos e
trabalhar duro.
Deus me
deu a terra, os instrumentos e as sementes. Tenho que trabalhar! Devo preparar meu
coração, cultivá-lo com as sementes do Evangelho e daí sim esperar colher os
frutos, e só depois ainda esperar poder compartilhá-los com outros.
Ah,
quantas vezes tentei compartilhar de fruto que não tinha! Quantas vezes quis
colher o que não havia plantado! Quantas vezes tentei descrever a visão que se
tem do topo das árvores teológicas sem mesmo saber como cultivar as sementes do
Evangelho! Em outras palavras, quis ir à churrascaria teológica sem antes ter
tomado o leite evangelical.
Há
pouco me peguei faminto do fruto do Espírito, e quando fui buscá-lo, vi que nem
sequer o havia plantado. Lição tão básica, tão simples esta: o que se planta é
o que se colhe. Quem não planta não colhe.
Quem
planta paciência colhe gentiliza.
Quem
planta santidade colhe incorruptibilidade.
Quem
planta sacrifício colhe amor.
Quem
planta retidão colhe integridade.
Quem planta
sabedoria colhe alegria.
Quem
planta responsabilidade colhe confiança.
Quem
planta olhos santos colhe fidelidade.
Quem
planta língua domada colhe boa fama.
Quem
planta humildade colhe benevolência.
Quem
planta perseverança colhe resistência.
Quem planta
confiança colhe lealdade.
Não espero mais plantar pecados e colher virtudes, isso seria zombar de
Deus, segundo Paulo. Lições tão básicas, não? Pois é, mas nem tudo que é óbvio
é fácil.
Sei que não inventei a roda nem descobri o fogo, apenas ressuscitei o caráter
básico do cristianismo: faça a coisa certa e ame a Deus. Se conseguir lembrar
isso todas as manhãs e confiar que o Espírito está comigo para me auxiliar, vou
me sair bem.
Guilherme Adriano
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