Desculpe o transtorno, estamos mudando o país

Não se pode evitar comentar, conversar e até bater boca a respeito do que estamos assistindo acontecer pelo Brasil. Para aonde quer que folheie e clique, lá estão marchas, protestos e manifestações. Ando pelo campus de minha faculdade e escuto debates e argumentos a favor e contra as manifestações.

Essa manhã, li na Folha de São Paulo que era de se esperar alguma forma de manifestação mais intensa nessa década, já que a anterior passou adormecida enquanto assistia ao país afundando na corrupção e impunidade.

Na década de 70, foram as revoluções culturais (música, literatura, arte, TV e cinema) e as conquistas femininas. Década de 80, Diretas, já! Em 90, impeachment de Collor. E no começo do século XXI? Nada, o país engoliu muito sapo quietinho. Agora, parece que o país acorda. No entanto, acorda como Dominick Cobb (Leonardo Dicaprio) acorda em A Origem, apenas para descobrir que ainda está dormindo. Acorda atordoado do sono longo, meio desorganizado e desajeitado. 

Temo, como falei em outro post, que não sabemos protestar. Minha geração não é revolucionária, é hightech e fast-food. É pós-moderna; não acredita na autoridade nem na hierarquia, conceitos sem os quais nenhuma revolução vai pra frente – o que se reflete nesse vídeo:

Já disse Thoreau, “essas pessoas são bem intencionadas, mas são ignorantes.”

Há manifestações legais acontecendo por aí, que realmente nos dão esperança de que a coisa pode mudar, mas também há manifestações de idiotas. Há abusos por parte de policiais e de manifestantes, do governo e do povo, os dois lados estão sofrendo com seus idiotas.

É importante que o povo todo se mobilize para reivindicar e gritar por mudança, mas tem que ser à la Gandhi, à la Martin Luter King Jr., à la Jesus Cristo, através da desobediência civil, do pacifismo. Se sair por aí protestando como um idiota, vai apanhar como um idiota, simples assim.

No Facebook, a mensagem “desculpe o transtorno, mas estamos mudando o país” está por todo lado. Vou começar acreditar nisso quando começar a ver esses meninos como um povo, não como indivíduos. Não adianta que indivíduos saiam às ruas, é preciso que um povo saia a protestar. 

Se você é cristão e quer protestar, vá, mas lembre-se de que é Jesus quem estás representando com cada grito, cada passo e cada mensagem. Já basta os idiotas da marcha pra Jesus de vexame, dessa vez, que tal fazermos a coisa certa? Que tal orar e se manifestar a favor de um país melhor? Deus não é contra manifestação, Ele é contra injustiça. Se a manifestação for justa e bem feita, amém!

No entanto, sou pessimista, acredito que isso tudo vai acabar em pizza. Vai ser uma modinha de rede social e de vídeos de youtube. Espero estar errado.

Guilherme Adriano