O peregrino, de John Bunyan, um dos livros mais famosos no mundo, é um daqueles livros que, encantando com a fantasia, fala a verdade e edifica. Não posso pensar num livro, depois da Bíblia, mais indispensável aos cristãos - mesmo sendo de baixa qualidade, a versão cinematográfica vale a pena também.
Perto do final de sua caminhada, Cristão, o protagonista, se desvia do caminho e é capturado pelo gigante Desespero e é levado cativo ao castelo chamado Dúvida. Lá, aos poucos vai perdendo sua fé conforme é castigado pelo gigante. É aí que então se lembra de que recebera uma chave, e essa o ajudaria a escapar das angústias. Ajoelhando-se e orando a Deus, lembra-se de que essa chave, Promessa, estava pendurada em seu peito. Usando-a, Cristão e seu companheiro fogem do castelo Dúvida e voltam a trilhar o caminho da salvação.
Quem leu o livro, ou viu o filme, lembra essa parte. Quão verdadeira ela é! Agora, antes de explorar mais a ideia, quero responder a algumas críticas que normalmente recebemos como cristãos. Já ouvi o seguinte, que ser cristão é conformar-se a aceitar aquilo que não pode ser explicado e crer em coisas sem duvidar delas. Este argumento, que pode vir dito de muitas outras maneiras, é muito comum e simplificado pode ser dito desta maneira: Quem é cristão deve acreditar sem questionar. Quem diz isso não tem a mínima ideia do que está dizendo, pois como é possível que um não-cristão sabe o que é ser cristão?
Segundo ponto que geralmente vem seguido daquela primeira crítica: zombaria não é argumento. Na tentativa humilhar a fé cristã o cético diz absurdos e zomba, mas não por estar certo, mas por ter medo de estar errado. Quem se defende zombando, no fundo, deve estar com medo estar errado. Então ridicularizar as histórias da Bíblia, por exemplo Noé, e chamar o crente de ridículo por acreditá-las não faz nada à realidade das mesmas nem muito menos à existência de Deus. Já cansei de responder perguntas assim. Por exemplo, “Há tanta violência no antigo testamento, portanto, Deus não existe!”, ou “A igreja já matou tanta gente, portanto, Deus não existe!” Não é preciso ser muito inteligente para saber que essas críticas não se sustentam.
Veja só, o fato dos seres humanos serem violentos e causarem sofrimento abusando de sua liberdade, ou pecando a ponto de atrair sobre si o julgamento de Deus, não diz absolutamente nada à existência de Deus. Muitas pessoas mataram em nome de Deus. Sim, e daí. Como que isso faz Deus não existir? Isso não prova que Deus não existe, apenas que homens matam pelos motivos mais absurdos. Por que culparias Deus por homens ter cometido assassinato?
Mas e a violência do antigo testamento e as guerras que Deus mandou fazer? Isso também não é motivo para não crer, os cristãos creem naquilo tudo e nem por isso desacreditam. As punições daquela época, primeiro, eram para aquela época e tinha uma função muito específica para Israel. Segundo, vieram apenas como julgamento de Deus, e não como Sua vontade para a humanidade. Se não fosse nosso pecado não haveria leis severas. O antigo testamento está repleto de sangue não por ser a história de Deus, e sim por ser a história dos homens. Aquelas leis eram terríveis e violentas porque o homem é terrível e violento. As leis representam não o caráter de quem as dá, mas o caráter de quem deve se submeter a elas. Quando a lei diz “não se deitarás com pai e mãe”, ela diz muito a respeito de nós, não de Deus. Antes de criticar as leis antigas de Israel conheça contra o que elas falam e entenderás o porquê de serem tão severas.
Já ouvi muita crítica do tipo "Deus mandou matar, portanto, Deus não existe." Como? Preste atenção no enunciado, quando você diz “Deus mandou...” não está afirmando que Ele existe? Dizer que Deus é mau não prova que Ele não existe, apenas que você não gosta d’Ele. E caro amigo, se você não gosta d’Ele, quem vai ter que resolver esse problema é você e não eu! Creia-me, se Deus disse “mata!”, Ele tem motivos! (Se você tem problemas com certas passagens do antigo testamento, recomendo dois livros, Is God a Moral Monster? de Paul Copan, ou Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e Contradições da Bíblia, de Norman Geisler, o segundo está disponível para download grátis)
Quem disse que cristão não pode duvidar ou ter dúvidas sérias a respeito de sua fé ou acontecimentos históricos relatados na Bíblia? Eu as tenho. Muitos e muitos as tiveram também. Duvidar não é pecado, caro amigo. Charles Spurgeon, grande pregador antigo, quando confrontado com perguntas do tipo “Quem criou Deus?”, respondeu “Ah seu simplório, se você soubesse os tipos de dúvidas que eu tenho você teria vergonha de me perguntar isso”. Muitas vezes o cético cai no erro que Pascal brilhantemente escreveu, ele diz:
“Acreditam [os céticos] ter feito grandes esforços para instruir-se, por terem empregado algumas horas na leitura de um dos livros sagrados e por terem interrogado algum eclesiástico sobre as verdades da fé. Gabam-se, depois, de terem investigado em vão nos livros e entre os homens.”
O que quero dizer com tudo isso é que por ser cristão, minhas dúvidas são muita mais pesadas e sinceras do que as de quem não é cristão, pois para mim, tais dúvidas machucam a fé sobre a qual minha vida está edificada, enquanto que para o não-cristão é apenas uma mera curiosidade. Posso dizer como Spurgeon, e não em tom de arrogância, “se vocês soubessem as dúvidas que me consomem pensariam duas vezes antes de dizer que cristão é doutrinado a não questionar.”
Mas veja só, nossa fé não depende de algumas respostas a perguntas difíceis, e sim de afirmações que, mesmo sem algumas explicações, são tão profundas que nos mantêm caminhando e confiando! Você não acha que se nossa fé fosse apenas um apelo emocional ou muleta psicológica já não teríamos desistido dela há muito? Lembre-se dos mártires quando sentir-se impelido a dizer tais bobagens. Crucificação, tortura, fogueiras, leões, etc., apenas por sentir-se emocionalmente estável? Nenhuma outra fé ou ideologia sofreu tanta perseguição, inclusive daqueles que se diziam cristãos e permaneceu até então.
Eu me perguntava no começo da minha caminhada, “mas o que há neles que os faz considerar a fé mais importante do que a vida a ponto de negar a vida, mas não a fé?” Estudando a história dos mártires e dos cristãos perseguidos vemos que neles havia algo mais valioso que o próprio bem-estar, e que estes estavam dispostos a dar a vida, literal ou figuradamente, pelo bem dos outros e pela causa de Cristo.
Nenhum deles deixou de duvidar de certas doutrinas ou partes da Bíblia, mas mesmo duvidando havia uma certeza que os faziam relativizar suas dúvidas e dificuldades. Digo o mesmo. Quem me conhece sabe que ando com dúvidas sérias e ando reciclando minhas ideias. Mas em nenhum instante pude relativizar Jesus muito menos negar o que Ele fez em mim. É grande demais, é real demais. Não posso negar o que vi nem o que aprendi nem as mudanças em minha vida, por mais que queira (e creiam-me, já quis!)
Pessoalmente, nunca me vi tão castigado pelo gigante Desespero e tão preso no castelo da Dúvida como ultimamente. Mas se você é cristão, prepare-se para passar por isso também. Aprendi assim de uma irmã querida, no começo da fé servimos e amamos a Deus com sentimentos, depois, sem sentimentos, e depois, apesar dos sentimentos. C.S. Lewis disse assim: “A fé, no sentido em que estou usando a palavra, é a arte de se aferrar, apesar das mudanças de humor, àquilo que a razão já aceitou. Pois o humor sempre há de mudar, qualquer que seja o ponto de vista da razão. Agora que sou cristão, há dias em que tudo na religião parece muito improvável. Quando eu era ateu, porém, passava por fases em que o cristianismo parecia probabilíssimo. A rebelião dos humores contra o nosso eu verdadeiro virá de um jeito ou de outro. E por isso que a fé é uma virtude tão necessária: se não colocar os humores em seu devido lugar, você não poderá jamais ser um cristão firme ou mesmo um ateu firme; será apenas uma criatura hesitante, cujas crenças dependem, na verdade, da qualidade do clima ou da sua digestão naquele dia. Consequentemente, temos de formar o hábito da fé.” – Cristianismo Puro e Simples.
Inevitavelmente você será castigado pelas dúvidas e pelas guerras de humores, mas o sábio é aquele que não se deixa convencer pelo desequilíbrio emocional e se aferra à fé, que é a virtude de acreditar naquilo que não vemos (e não por não existirem, mas pelo simples fato de estarem no passado e, portanto, não serem mais visíveis)
Faça como Cristão em sua viagem à cidade celestial na alegoria de John Buynan, quando aprisionado no castelo da Dúvida e castigado pelo gigante Desespero, lembre-se de orar e da chave, Promessa. Jesus prometeu, e se Ele disse, está dito. Como N.T. Wright comentou no começo de uma de suas pregações que um taxista, ao reconhecer que era pregador, disse, “pois é, porque se Deus ressuscitou Jesus dos mortos então tudo mais é apenas rock and roll”. Ou seja, se Jesus realmente ressuscitou dentre os mortos, todas as outras dúvidas são apenas curiosidades. Se “no princípio criou Deus”, então as dúvidas mais cruéis são periféricas enquanto a fé é central.
A filosofia grega nos ensina que a dúvida é necessária para que haja crescimento, e nisso está certa. O cristão não é proibido de se questionar ou de duvidar de Deus, mas antes, apesar dessas questões, aferra-se à fé e lembra-se de que algumas dúvidas não fazem Deus desaparecer.
Irmãos, Deus não tem problemas com sinceridade, e sim hipocrisia. Se você precisar dizer em oração que não crê mais, diga! Se quiser dizer o quanto quer que o mundo se exploda, diga! Apenas seja humilde e, como aquele pai com quem o Senhor se encontrou, peça ajuda: “Senhor, ajuda-me na minha incredulidade!” (Marcos 9:24)
Não duvide sozinho. Se você não tiver ninguém pra quem possa abrir suas dúvidas, pode mandar e-mail. Exponha suas dúvidas a seus irmãos mais velhos e ore a respeito delas. Deus não tem problema com gente que duvida e faz perguntas difíceis, e sim com gente que, depois de fazer perguntas difíceis, foge com medo das respostas.
Deus não tem problemas com quem tem perguntas, mas com aqueles que não querem se comprometer com Suas respostas.
Guilherme Adriano
Perto do final de sua caminhada, Cristão, o protagonista, se desvia do caminho e é capturado pelo gigante Desespero e é levado cativo ao castelo chamado Dúvida. Lá, aos poucos vai perdendo sua fé conforme é castigado pelo gigante. É aí que então se lembra de que recebera uma chave, e essa o ajudaria a escapar das angústias. Ajoelhando-se e orando a Deus, lembra-se de que essa chave, Promessa, estava pendurada em seu peito. Usando-a, Cristão e seu companheiro fogem do castelo Dúvida e voltam a trilhar o caminho da salvação.
Quem leu o livro, ou viu o filme, lembra essa parte. Quão verdadeira ela é! Agora, antes de explorar mais a ideia, quero responder a algumas críticas que normalmente recebemos como cristãos. Já ouvi o seguinte, que ser cristão é conformar-se a aceitar aquilo que não pode ser explicado e crer em coisas sem duvidar delas. Este argumento, que pode vir dito de muitas outras maneiras, é muito comum e simplificado pode ser dito desta maneira: Quem é cristão deve acreditar sem questionar. Quem diz isso não tem a mínima ideia do que está dizendo, pois como é possível que um não-cristão sabe o que é ser cristão?
Segundo ponto que geralmente vem seguido daquela primeira crítica: zombaria não é argumento. Na tentativa humilhar a fé cristã o cético diz absurdos e zomba, mas não por estar certo, mas por ter medo de estar errado. Quem se defende zombando, no fundo, deve estar com medo estar errado. Então ridicularizar as histórias da Bíblia, por exemplo Noé, e chamar o crente de ridículo por acreditá-las não faz nada à realidade das mesmas nem muito menos à existência de Deus. Já cansei de responder perguntas assim. Por exemplo, “Há tanta violência no antigo testamento, portanto, Deus não existe!”, ou “A igreja já matou tanta gente, portanto, Deus não existe!” Não é preciso ser muito inteligente para saber que essas críticas não se sustentam.
Veja só, o fato dos seres humanos serem violentos e causarem sofrimento abusando de sua liberdade, ou pecando a ponto de atrair sobre si o julgamento de Deus, não diz absolutamente nada à existência de Deus. Muitas pessoas mataram em nome de Deus. Sim, e daí. Como que isso faz Deus não existir? Isso não prova que Deus não existe, apenas que homens matam pelos motivos mais absurdos. Por que culparias Deus por homens ter cometido assassinato?
Mas e a violência do antigo testamento e as guerras que Deus mandou fazer? Isso também não é motivo para não crer, os cristãos creem naquilo tudo e nem por isso desacreditam. As punições daquela época, primeiro, eram para aquela época e tinha uma função muito específica para Israel. Segundo, vieram apenas como julgamento de Deus, e não como Sua vontade para a humanidade. Se não fosse nosso pecado não haveria leis severas. O antigo testamento está repleto de sangue não por ser a história de Deus, e sim por ser a história dos homens. Aquelas leis eram terríveis e violentas porque o homem é terrível e violento. As leis representam não o caráter de quem as dá, mas o caráter de quem deve se submeter a elas. Quando a lei diz “não se deitarás com pai e mãe”, ela diz muito a respeito de nós, não de Deus. Antes de criticar as leis antigas de Israel conheça contra o que elas falam e entenderás o porquê de serem tão severas.
Já ouvi muita crítica do tipo "Deus mandou matar, portanto, Deus não existe." Como? Preste atenção no enunciado, quando você diz “Deus mandou...” não está afirmando que Ele existe? Dizer que Deus é mau não prova que Ele não existe, apenas que você não gosta d’Ele. E caro amigo, se você não gosta d’Ele, quem vai ter que resolver esse problema é você e não eu! Creia-me, se Deus disse “mata!”, Ele tem motivos! (Se você tem problemas com certas passagens do antigo testamento, recomendo dois livros, Is God a Moral Monster? de Paul Copan, ou Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e Contradições da Bíblia, de Norman Geisler, o segundo está disponível para download grátis)
Quem disse que cristão não pode duvidar ou ter dúvidas sérias a respeito de sua fé ou acontecimentos históricos relatados na Bíblia? Eu as tenho. Muitos e muitos as tiveram também. Duvidar não é pecado, caro amigo. Charles Spurgeon, grande pregador antigo, quando confrontado com perguntas do tipo “Quem criou Deus?”, respondeu “Ah seu simplório, se você soubesse os tipos de dúvidas que eu tenho você teria vergonha de me perguntar isso”. Muitas vezes o cético cai no erro que Pascal brilhantemente escreveu, ele diz:
“Acreditam [os céticos] ter feito grandes esforços para instruir-se, por terem empregado algumas horas na leitura de um dos livros sagrados e por terem interrogado algum eclesiástico sobre as verdades da fé. Gabam-se, depois, de terem investigado em vão nos livros e entre os homens.”
O que quero dizer com tudo isso é que por ser cristão, minhas dúvidas são muita mais pesadas e sinceras do que as de quem não é cristão, pois para mim, tais dúvidas machucam a fé sobre a qual minha vida está edificada, enquanto que para o não-cristão é apenas uma mera curiosidade. Posso dizer como Spurgeon, e não em tom de arrogância, “se vocês soubessem as dúvidas que me consomem pensariam duas vezes antes de dizer que cristão é doutrinado a não questionar.”
Mas veja só, nossa fé não depende de algumas respostas a perguntas difíceis, e sim de afirmações que, mesmo sem algumas explicações, são tão profundas que nos mantêm caminhando e confiando! Você não acha que se nossa fé fosse apenas um apelo emocional ou muleta psicológica já não teríamos desistido dela há muito? Lembre-se dos mártires quando sentir-se impelido a dizer tais bobagens. Crucificação, tortura, fogueiras, leões, etc., apenas por sentir-se emocionalmente estável? Nenhuma outra fé ou ideologia sofreu tanta perseguição, inclusive daqueles que se diziam cristãos e permaneceu até então.
Eu me perguntava no começo da minha caminhada, “mas o que há neles que os faz considerar a fé mais importante do que a vida a ponto de negar a vida, mas não a fé?” Estudando a história dos mártires e dos cristãos perseguidos vemos que neles havia algo mais valioso que o próprio bem-estar, e que estes estavam dispostos a dar a vida, literal ou figuradamente, pelo bem dos outros e pela causa de Cristo.
Nenhum deles deixou de duvidar de certas doutrinas ou partes da Bíblia, mas mesmo duvidando havia uma certeza que os faziam relativizar suas dúvidas e dificuldades. Digo o mesmo. Quem me conhece sabe que ando com dúvidas sérias e ando reciclando minhas ideias. Mas em nenhum instante pude relativizar Jesus muito menos negar o que Ele fez em mim. É grande demais, é real demais. Não posso negar o que vi nem o que aprendi nem as mudanças em minha vida, por mais que queira (e creiam-me, já quis!)
Pessoalmente, nunca me vi tão castigado pelo gigante Desespero e tão preso no castelo da Dúvida como ultimamente. Mas se você é cristão, prepare-se para passar por isso também. Aprendi assim de uma irmã querida, no começo da fé servimos e amamos a Deus com sentimentos, depois, sem sentimentos, e depois, apesar dos sentimentos. C.S. Lewis disse assim: “A fé, no sentido em que estou usando a palavra, é a arte de se aferrar, apesar das mudanças de humor, àquilo que a razão já aceitou. Pois o humor sempre há de mudar, qualquer que seja o ponto de vista da razão. Agora que sou cristão, há dias em que tudo na religião parece muito improvável. Quando eu era ateu, porém, passava por fases em que o cristianismo parecia probabilíssimo. A rebelião dos humores contra o nosso eu verdadeiro virá de um jeito ou de outro. E por isso que a fé é uma virtude tão necessária: se não colocar os humores em seu devido lugar, você não poderá jamais ser um cristão firme ou mesmo um ateu firme; será apenas uma criatura hesitante, cujas crenças dependem, na verdade, da qualidade do clima ou da sua digestão naquele dia. Consequentemente, temos de formar o hábito da fé.” – Cristianismo Puro e Simples.
Inevitavelmente você será castigado pelas dúvidas e pelas guerras de humores, mas o sábio é aquele que não se deixa convencer pelo desequilíbrio emocional e se aferra à fé, que é a virtude de acreditar naquilo que não vemos (e não por não existirem, mas pelo simples fato de estarem no passado e, portanto, não serem mais visíveis)
Faça como Cristão em sua viagem à cidade celestial na alegoria de John Buynan, quando aprisionado no castelo da Dúvida e castigado pelo gigante Desespero, lembre-se de orar e da chave, Promessa. Jesus prometeu, e se Ele disse, está dito. Como N.T. Wright comentou no começo de uma de suas pregações que um taxista, ao reconhecer que era pregador, disse, “pois é, porque se Deus ressuscitou Jesus dos mortos então tudo mais é apenas rock and roll”. Ou seja, se Jesus realmente ressuscitou dentre os mortos, todas as outras dúvidas são apenas curiosidades. Se “no princípio criou Deus”, então as dúvidas mais cruéis são periféricas enquanto a fé é central.
A filosofia grega nos ensina que a dúvida é necessária para que haja crescimento, e nisso está certa. O cristão não é proibido de se questionar ou de duvidar de Deus, mas antes, apesar dessas questões, aferra-se à fé e lembra-se de que algumas dúvidas não fazem Deus desaparecer.
Irmãos, Deus não tem problemas com sinceridade, e sim hipocrisia. Se você precisar dizer em oração que não crê mais, diga! Se quiser dizer o quanto quer que o mundo se exploda, diga! Apenas seja humilde e, como aquele pai com quem o Senhor se encontrou, peça ajuda: “Senhor, ajuda-me na minha incredulidade!” (Marcos 9:24)
Não duvide sozinho. Se você não tiver ninguém pra quem possa abrir suas dúvidas, pode mandar e-mail. Exponha suas dúvidas a seus irmãos mais velhos e ore a respeito delas. Deus não tem problema com gente que duvida e faz perguntas difíceis, e sim com gente que, depois de fazer perguntas difíceis, foge com medo das respostas.
Deus não tem problemas com quem tem perguntas, mas com aqueles que não querem se comprometer com Suas respostas.
Guilherme Adriano
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